Por Lino Maia
Fundada em 29 de Janeiro de 1910, a Misericórdia de Ovar, agora com Dr. Álvaro José da Silva como seu competente e dedicado Provedor, está especialmente voltada para as camadas mais carenciadas e desprotegidas da população do concelho de Ovar, dando particular atenção a crianças, jovens e idosos.
Actualmente, a Misericórdia mantém oito valências: Creche e Pré-escolar (com 80 e 125 crianças, respetivamente), Centro de Dia (60 utentes), Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI – 2 lares, com capacidade para 120 e 50 pessoas), Serviço de Apoio Domiciliário (SAD – 90 beneficiários), Cantina Social, Centro Comunitário, Centro de Estudos e Clínica de S. Thomé.
No âmbito da pandemia do novo Coronavírus, a 17 de Março, foi decretado o estado de calamidade pública em Ovar e, no dia seguinte, o concelho ficou sujeito a uma “cerca sanitária”. Naquele contexto pandémico, a Misericórdia sofreu um grande impacto nos seus serviços de apoio a idosos com cerca de 66 pessoas institucionalizadas a serem infectadas.
Com a necessidade de isolamento dos idosos infectados e a necessidade de confinamento dos restantes para mitigação da epidemia, os canais digitais de comunicação tornaram-se na mais importante forma de contacto dos utentes com os seus familiares próximos. A exclusão digital da comunidade sénior tornou-se evidente e obrigou à afectação de muitos dos recursos da Santa Casa para colmatar as necessidades de contactos dos utentes com o mundo exterior. Assim, a Misericórdia decidiu avançar com o seu projecto “Santa Casa+Digital”. Este projecto visa dotar os recursos humanos de ferramentas digitais que promovam a inclusão digital dos utentes séniores e o reforço do grau de cobertura de internet nos edifícios. Por um lado, com esta iniciativa, a Instituição dotava as suas estruturas de apoio aos idosos de redes wi-fi para utilização dos utentes residenciais com abrangência a todo o edifício e, por outro lado, sentia a necessidade de preparar os seus actuais utentes e todos aqueles que viessem a ser admitidos para a sua inclusão digital. Ao abrigo de contrato a tempo completo as duas Estruturas Residenciais já contavam com a colaboração de 2 técnicas de animação e 2 terapeutas ocupacionais. Agora, urgia avançar “rapidamente e em força”…
As tecnologias de comunicação e informação constituem a principal fonte de comunhão, conhecimento e partilha. A exclusão digital da população idosa, tal como qualquer outro tipo de exclusão, está associada a uma marginalização e vulnerabilidade do indivíduo, o que, associado ao normal processo de envelhecimento, vem agravar os efeitos associados ao normal processo de envelhecimento do ser humano, nomeadamente no que se refere às suas componentes psicológica e social, com sofrimento e grandes encargos para a sociedade. Nos benefícios associados à inclusão digital incluem-se: adiamento do aparecimento de demências e redução do risco de depressão, aprofundamento do sentimento de participação social, aumento da estimulação mental com a activação da curiosidade intelectual, combate à solidão, comunicação (com familiares e o mundo exterior) e melhoria na capacidade de raciocínio e memória. Todos estes benefícios representam um forte potencial para a melhoria de qualidade de vida e de bem estar da população idosa, com reflexos no adiamento de situações de dependência e de perda de autonomia.
A agilidade é uma das boas caraterísticas das Instituições de proximidade, como o são as Misericórdias, que brotam da comunidade cristã para serviço de toda a comunidade. Nelas, a caridade expressa-se também na excelência do serviço.
Como estaríamos todos a sofrer neste contexto pandémico se não tivéssemos instituições que, no amor, celebram expressões cultuais!…