Cardeal Becciu renuncia ao cardinalato e deixa Causa dos Santos

Foto: João Lopes Cardoso

O prefeito da Congregação para a Causa dos Santos proferiu conferência no Porto em fevereiro passado. 

O Papa aceitou nesta quinta-feira dia 24 de setembro a renúncia do cardeal italiano Angelo Becciu, de 72 anos, ao cargo de prefeito da Congregação da Causas dos Santos, que ocupava desde maio de 2018. Num curto comunicado, a Santa Sé informa que o purpurado renuncia aos “direitos ligados ao cardinalato”.

Neste comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé não foram apontados motivos para esta decisão.

Recordemos que ainda em fevereiro passado o cardeal Becciu esteve na diocese do Porto nos 25 anos da Casa Diocesana de Vilar onde proferiu uma conferência sobre a santidade no magistério do Papa Francisco. O prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, na ocasião, sublinhou a parresia, o discernimento e o espírito de pobreza como características importantes de um santo. Santo que, como diz o Santo Padre, pode estar “ao pé da porta”.

A Agência Ecclesia publica alguns apontamentos sobre o percurso recente do Cardeal Becciu que aqui divulgamos:

Antes de ser nomeado para Congregação para a Causa dos Santos foi figura de destaque na diplomacia da Santa Sé, como substituto dos Assuntos Gerais do Secretário de Estado do Vaticano, cargo para o qual foi escolhido pelo Papa emérito Bento XVI.

O diplomata tinha sido ainda núncio apostólico em Angola e em Cuba; foi criado cardeal pelo Papa Francisco em 2018.

Em 2019, D. Angelo Becciu tinha rejeitado acusações de envolvimento em investimentos imobiliários da Santa Sé em Londres, alegadamente irregulares e atualmente sob investigação da Justiça do Vaticano.

Os casos de renúncia às prerrogativas do cardinalato são raros: em 2015, o escocês D. Michael Patrick O’Brien abdicou dos direitos e prerrogativas do cardinalato (como a participação no Conclave para eleição de um novo Papa), após admitir ter cometido abusos sexuais; viria a falecer em 2018.

Já em 2018, o Papa Francisco suspendeu do exercício público do ministério o antigo arcebispo de Washington (EUA), D. Theodore McCarrick, acusado de abusos sexuais, aceitando a sua renúncia como membro do Colégio Cardinalício; em 2019, o Vaticano condenou-o à pena de “demissão do estado clerical”.

RS com Agência Ecclesia