
Por Lino Maia
Com a aproximação da festa do seu patrono, o Conselho Central do Porto da Sociedade de S. Vicente de Paulo, presidido por Manuel Carvas Guedes, divulgou o seu “relatório e contas de 2019“. Aí se refere o que são e quantas são as Conferências Vicentinas e muito do que os vicentinos fizeram em ajuda, presença e serviço a quem mais precisa.
Na Diocese do Porto há 25 conselhos de zona (as vigararias de Maia, Castelo de Paiva-Penafiel, e Trofa-Vila do Conde têm 2 conselhos cada uma delas), com um total de 314 conferências e 3.170 vicentinos (908 homens e 2.262 senhoras), 5,12% dos quais têm menos de 30 anos e 37,61% mais de 70 anos.
Santa Maria da Feira é a zona com mais conferências (25), enquanto Gaia/Sul é a que tem mais vicentinos (212). Para além da prestação de apoios do Fundo Social Solidário (77), de ajudas a reclusos (225) e toxicodependentes (29) e estímulos à profissionalização (41), ao longo do ano de 2019 houve mais 47.041 apoios para alimentação (é muito importante o apoio do Banco Alimentar às Conferências Vicentinas), 9.007 ajudas na saúde (medicação, consultas e indiferenciados), 5.374 apoios na habitação (amortizações, rendas, água, eletricidade, gás e indiferenciados) e 1.625 ajudas na educação (para frequência de infantários e de ensino obrigatório e universitário). No total foram apoiadas 19.220 pessoas de 7.643 agregados familiares (só na zona de Matosinhos foram beneficiadas 1.999 pessoas de 761 agregados com 108.434,96€ e outros auxílios).
Em toda a atividade vicentina, foram aplicados, em numerário, cerca de 1.600.000€, recolhidos através de campanhas, coletas nas reuniões, contribuições de subscritores (no total foram 2.492 os subscritores, sendo Gaia/Norte a zona com mais – 546) e receitas “simbólicas” do Farrapeiro e da Loja Social.
Para além das Conferências, a estrutura vicentina diocesana tem outras Obras Especiais. Uma delas é a Casa Ozanan (em S. João de Ver), com Centro de Atividades Ocupacionais, Centro Comunitário, Lar/Residência, Serviço de Porta Aberta e Unidade Sócio ocupacional. Nesta Casa Ozanan, que tem acordo de cooperação com a Segurança Social, houve uma despesa de 1.023.264,55€ e uma receita de 1.202.275,67€. Integram também a estrutura vicentina a Loja Social, a Obra São Maximiliano Kolbe (de auxílio aos Reclusos militares), as Obras Vicentinas de Auxílio aos Ciganos (O.V.A.C.) e aos Reclusos (O.V.A.R.), o Centro Social S. Martinho de Soalhães (Marco de Canaveses), o Centro Socioeducativo e Profissional de Parteira (Paredes), o Farrapeiro de S. Vicente de Paulo e o Lar de Santo António (na Maia).
Pela primeira vez na cidade invicta teve lugar uma reunião mundial da S.S.V.P, que, em Junho de 2019, trouxe à cidade e por ela a toda a Diocese representantes vicentinos de 80 países, para reflectirem e recentrarem a ação vicentina mundial.
Embora muito expressivos, os números não demonstram o essencial da vida vicentina, que não estará nem nos números nem naquilo que os olhos veem. Tudo é fruto de uma dinâmica, que começa exatamente naquilo que não se vê, mas que é razão e pressuposto de tudo: espiritualidade, consubstanciada na fé e na vida pessoal de cada vicentino e da Conferência no seu conjunto; reunião da Conferência onde tudo gravita (ao longo do ano realizaram-se por toda a Diocese 4.754 reuniões de vicentinos); diálogo fraterno em que tudo se aprofunda e se concretiza, com vista ao enriquecimento pessoal de cada vicentino; visita domiciliária que é o objetivo central da ação das Conferências e por ela chegando às mais diversas ajudas, materiais e espirituais, procurando mitigar o sofrimento, na carência e no isolamento, de quem mais precisa.
Ns Sociedade de S. Vicente de Paulo a preocupação pelos outros, pela sua dignidade e promoção, tem contornos divinos, porque encaixa na relação própria do vicentino com Deus, que se revela em Jesus Cristo na pessoa do pobre que é visitado. Isto faz de todos os vicentinos carismáticos do bem e da caridade. É isso que os distingue e faz deles servidores da caridade e construtores do Reino e da paz.