Miradouro do entardecer, um livro de Fátima Malça

Os leitores de Voz Portucalense conhecem numerosos textos que ao longo dos anos têm tido a assinatura de Fátima Malça, pessoa que, mesmo não sendo do Porto, colaborava generosamente com este semanário, com textos em que o olhar feminino sobre todo o universo humano transparecia na sua melhor dimensão. Não se tratando do que habitualmente se chama “feminismo”, as reflexões transmitiam uma visão da importância, participação e dinâmica da mulher na sociedade. Verificávamos todos o carácter eclesialmente atual dos seus escritos.

A autora decidiu agora recolher em  livro alguns desses escritos, que considera “simples reflexões já publicadas em diversos órgãos de imprensa”, entre os quais a Voz Portucalense, com uma introdução de D. Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda.

A temática destas 326 páginas é muito variada, como se compreende por surgir como reflexão a propósito de factos ou acontecimentos aos quais a autora procurou estar atenta. A sua ordenação segue a ordem alfabética dos títulos, mas os textos podem ser reunidos em torno de algumas temáticas condutoras, como temas de espiritualidade encarnada, a missão da mulher na Igreja, os valores da família e dos universos familiares, os valores da educação, o sentido da espiritualidade cristã, os valores éticos e morais da sociedade e das estruturas sociais, incluindo temas polémicos como a eutanásia e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ou temas de cariz económico, como o valor do dinheiro ou os desafios da modernidade. Não faltam também referências bíblicas e de uma teologia da esperança.

Acrescem dois conjuntos: o da poesia, reunida em torno do tema “Na cela interior”, e uma memória, com o título “Uma vida que deixou rasto”, em que lembra António Malça Correia, “admirado por uns e contestado por outros”, mas que “nunca se desviou dos valores éticos e cristãos”, nas funções que mereceram o louvor da Direção Geral dos Serviços prisionais, e que faleceu em julho de 2012.

Voz Portucalense felicita  a autora e recomenda a leitura dos cerca de uma centena de textos e  duas dezenas e meia de poemas, em que perpassam “fermentos para um mundo novo” ou “gestos que tornam visível a ternura de Deus” e os valores do coração humano.

CF