
27 de Setembro de 2020
Indicação das leituras
Leitura da Profecia de Ezequiel Ez 18,25-28
«Quando o pecador se afastar do mal que tiver realizado, praticar o direito e a justiça, salvará a sua vida».
Salmo Responsorial Salmo 24 (25)
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa misericórdia.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Filipenses Filip 2,1-11
«Tende em vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus».
Aclamação ao Evangelho Jo 10,27
Aleluia.
As minhas ovelhas ouvem a minha voz, diz o Senhor;
Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus Mt 21,28-32
«Que vos parece?».
«Qual dos dois fez a vontade ao pai?».
«Os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o reino de Deus».
Viver a Palavra
«Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio».
Em Jesus Cristo, Deus revela o dinamismo da salvação e manifesta plena e definitivamente que o nosso Deus não é indiferente às nossas dores e angústias, alegrias e esperanças, mas veio ao nosso encontro, assumindo uma carne igual à nossa. Por meio de «palavras e obras intimamente relacionadas entre si» (DV 2), o Verbo Encarnado revelou que o nosso Deus não é um ente divino acomodado às moradas eternas, mas o Deus Trindade que se manifesta e revela no nosso tempo e na nossa história, para que cada tempo e cada história possa ser um tempo e um lugar favorável para a conversão e o arrependimento.
Jesus, interpelando os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, interpela-nos também a cada um de nós hoje: «Que vos parece?». Nós que, tal como os interlocutores de Jesus nesta parábola, temos sempre tantas opiniões e considerações para dar, o que nos apraz dizer diante desta parábola? Jesus narra esta parábola, incluindo na narrativa os Seus interlocutores. Na verdade, eles aparecem no Evangelho de Mateus como aqueles que «dizem mas não fazem» (Mt 23,3).
Dizer e fazer, acreditar e viver, são binómios fundamentais no nosso itinerário crente que estarão sujeitos a uma tensão permanente. O nosso pecado e a nossa fragilidade impedem a total coincidência entre o dizer e o fazer, entre o acreditar e o viver. Contudo, esta tensão permanente não deve ser fonte de desistência nem de desgaste mas o apelo constante ao arrependimento e à conversão.
«Um homem tinha dois filhos» e dirige-se aos dois do mesmo modo, convocando-os para a sua vinha. Este pai carinhosamente dirige-se aos seus filhos e convoca-os para a missão. Convoca do mesmo modo, na esperança de contar com eles para a colheita abundante do vinho novo que alegra o coração do homem (Sl 104,15). Diante desta proposta de amor livre e libertadora, cada filho respondeu a seu modo e não agiu em conformidade.
Como filhos muito amados, também nós somos convocados para a missão e chamados a fazer frutificar a vinha do Senhor. Contudo, bem sabemos que muitas vezes, cheios de boas intenções, com entusiasmo e generosidade, respondemos um SIM pronto e disponível, mas na hora decisiva da acção nos retraímos. Por outro lado, outras vezes, ainda que tenhamos resistido à convocatória, na hora de colocar os pés ao caminho, avançamos decididamente. O nosso coração não é um permanente sim ou não à vontade do Pai, mas um lugar de tensão permanente que reclama coerência, reconhece as fragilidades e confia na misericórdia infinita de Deus, para quem não há caminhos sem saída nem opções sem retorno.
Sentimos a falta de um terceiro filho nesta parábola! Um filho que diga «sim» prontamente e avance sem ociosidade. Contudo, reconhecendo a nossa pequenez e limite, não nos podemos oferecer para ser esse filho, pois sabemos que dias haverá em que mesmo tendo dito «sim» não desceremos à vinha para o trabalho. Somos pecadores, mas de olhos postos «nos publicanos e mulheres de má vida» que escutaram a pregação de João e se converteram, reconhecemos que o nosso pecado não é um caminho sem saída nem um impedimento à salvação. O reconhecimento do nosso pecado abre o nosso coração à conversão e faz das nossas vidas lugares de anúncio da alegria da vida reencontrada, do amor que gera perdão e aponta o caminho da salvação.
Homiliário patrístico
Das Homilias de Santo Astério de Amaseia, bispo (Séc. V)
Se quereis parecer-vos com Deus, uma vez que fostes criados à sua imagem, imitai o seu exemplo. Se sois cristãos, nome que é uma proclamação de caridade, imitai o amor de Cristo. Considerai as riquezas da sua bondade. Estando para vir como homem ao meio dos homens, mandou à sua frente João, como arauto e exemplo de penitência, e antes de João tinha enviado todos os Profetas para ensinarem aos homens o arrependimento, o regresso ao bom caminho e a conversão a uma vida melhor.
Finalmente veio Ele mesmo em pessoa e proclamou com a sua própria voz: Vinde a Mim, vós todos que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. E como acolheu Ele os que escutaram a sua palavra? Concedeu-lhes generosamente o perdão dos pecados e libertou-os, sem demora, de toda a ansiedade: o Verbo os santificou e o Espírito os confirmou; o homem velho foi sepultado na água, e o homem novo, regenerado, resplandeceu pela graça.
Que se seguiu daí? O inimigo tornou-se amigo, o estranho tornou-se filho, o ímpio tornou-se santo e piedoso. Imitemos o exemplo de Cristo, o Bom Pastor. Consideremos os Evangelhos e, vendo neles, como num espelho, aquele exemplo de diligência e bondade, procuremos aprender estas virtudes.
Há nestes exemplos um ensinamento sagrado: nunca devemos julgar os homens perdidos sem remédio, nem deixar de ajudar com toda a diligência os que se encontram em perigo. Pelo contrário: reconduzamos ao bom caminho os que se extraviaram e afastaram da verdadeira vida, e alegremo-nos com o seu regresso à comunhão daqueles que vivem recta e piedosamente.
Indicações litúrgico-pastorais
- No Domingo XXVI do Tempo Comum, dia 27 de Setembro, assinala-se o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Para este dia, o Papa Francisco escreveu uma mensagem intitulada: «Forçados, como Jesus Cristo, a fugir. Acolher, proteger, promover e integrar os deslocados internos». Tal como o Menino Jesus que, juntamente com os Seus pais, experimenta a dramática situação de deslocado e refugiado, «infelizmente, nos nossos dias, há milhões de famílias que se podem reconhecer nesta triste realidade. Quase todos os dias, a televisão e os jornais dão notícias de refugiados que fogem da fome, da guerra e doutros perigos graves, em busca de segurança e duma vida digna para si e para as suas famílias» (Papa Francisco). Neste Domingo, somos convidados a rezar de modo especial por todos os migrantes e refugiados. No final da sua mensagem, o Papa Francisco propõe uma oração que pode ser distribuída e rezada por todos ou ser recitada por alguém na celebração dominical.
- Para os leitores: na primeira leitura, pede-se especial atenção nas duas frases interrogativas presentes no texto. A segunda leitura possui uma forma longa e uma forma breve. A escolha do texto a ser proclamado deve ser feita tendo em conta a assembleia e a dinâmica de toda a celebração. A proclamação de qualquer uma destas formas requer uma acurada e atenta preparação devido às frases longas com diversas orações.
Sugestões de cânticos
Entrada: Sede a rocha do meu refúgio – M. Simões (CN 903); Salmo Responsorial: Lembrai-Vos, Senhor, da Vossa misericórdia (Sl 24) – M. Luís (SRML, p. 156-157); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | As minhas ovelhas ouvem a minha voz – A. Cartageno (CN 49); Ofertório: Ao nome de Jesus todos se ajoelhem – M. Simões (CN 210); Comunhão: Vós sereis meus amigos – M. Luís (CN 1024); Pós-Comunhão: Pelo vosso eterno amor – M. Luís (CN 801); Final: Exultai de alegria no Senhor – F. Silva (CN 473).