
Está a ser penoso este longo confinamento nos Lares. Não sabemos quando terminará. Os seus efeitos estão a ser notórios, com consequências nefastas para os idosos. Assim pior que covid-19 está a ser este confinamento doloroso, que há tantos meses estamos sofrendo
Uma idosa, não já em plenas faculdades mentais, minha comensal ao almoço, repetia baixinho:- Levem-me lá para fora. Estou cansada de estar aqui.
Esta monotonia de vida, no dia a dia, torna-se cansativa, esgotante, deprimente.
Este Lar, hoje, dispõe de boas condições. Mas, isto só, não chega. Os idosos não se sentem felizes. Necessitam de atividades recreativas, passeios para o campo, onde não perigo de contágio, cantares…e, para um bom número, de prática religiosa. Não somos só corpo.
Conheci um médico, que trabalhava incansavelmente, noite e dia. A sua única filha dispunha de tudo quanto queria e pedia. O pai notava que ela não se sentia feliz e perguntou-lhe:- Filha, porque andas tão triste? Não te falta nada. Tens tudo quanto queres.
Obrigado, pai, mas só lhe pedia que me desse umas migalhas do teu tempo, para falar comigo, escutar-me e dar-me amor e carinho.
Afinal a parte espiritual é mais preciosa, necessária e importante, que a material, para a construção da felicidade humana. Na minha meninice era grande a miséria material, mas nunca me faltou o amor e carinho de meus pais. Era feliz. Brincava. Cantava. Sorria. Não sentia a fome. Tinha amor.
Neste Lar, onde me encontro, ouvi um dia uma idosa dizer aos seus filhos : – Não quero que me tragam nada, pois não preciso. Só vos peço que me venham visitar.
Em tempo de pandemia, as visitas da família são muito preciosas e enchem os idosos de alegria e felicidade. Faltam tanto…
Padre Casimiro Alves – Lousada