IndieLisboa: Pastoral da Cultura há dez anos a apostar no cinema português

Olhar «para uma cinematografia que vai sobrevivendo, contra ventos e marés, à custa de uma fé teimosa na capacidade da arte»: as palavras do jornalista Jorge Mourinha, na mais recente edição da revista Ipsilon (Público), sintetizam o desafio que aguarda o júri do Prémio Árvore da Vida no festival de cinema IndieLisboa, que decorre entre 25 de agosto e 5 de setembro.

Inês Gil, cineasta e professora de Cinema na Universidade Lusófona, Helena Valentim, docente do Departamento de Linguística da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e P. António Pedro Monteiro, secretário provincial dos Dehonianos e capelão hospitalar, compõem o júri da distinção atribuída pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

O prémio, no valor de dois mil euros, é atribuído, desde 2010, durante aquele que é considerado o mais importante festival de cinema independente em Portugal, a um dos filmes selecionados pela organização para a secção Competição Nacional, tendo como critério os seus valores espirituais e humanistas, a par das qualidades cinematográficas.

«Se tem havido sempre coisa que tem caracterizado o Indie, tem sido a consciência de que, pela sua própria natureza, este festival é um lugar de descobertas e de revelações mais do que um lugar de consolidação ou celebração, limitado pelos jogos necessariamente políticos de uma produção para a qual a melhor (a única?) hipótese de subsistência e divulgação é o circuito global de festivais», observa o crítico.

A partir desta “fotografia” da identidade do IndieLisboa, o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, ainda antes de o papa Francisco ter estreado a expressão «Igreja em saída», tem ido ao encontro da Sétima Arte e dos seus protagonistas para descobrir linguagens e enunciações reveladoras de arte e pensamento, que têm expressado sempre pontos de contacto com a espiritualidade cristã.

As cinco longas-metragens, duas das quais já apresentadas em certames internacionais, e as restantes com estreia absoluta no IndieLisboa, são obras «em constante vai e vem entre o “micro” e o “macro”, entre a casa e o mundo, olhando para a realidade para as transformarem em matéria de cinema que quer (e, no seu melhor, consegue) falar ao espetador», escreve Jorge Mourinha.

Os jurados, a quem foram asseguradas medidas de segurança relativas ao Covid-19, assistirão igualmente a 17 curtas, curiosamente o mesmo número de edições do IndieLisboa, que manteve, no essencial, a programação anunciada antes da pandemia, embora tenham sido canceladas as projeções para escolas e outras atividades paralelas.

«Queríamos mostrá-los [filmes], de maneira digna, numa sala de cinema. O que fizemos pode parecer contraproducente – as salas já estão limitadas a 50 por centro [da lotação] – mas vamos reduzir o número de sessões, mantendo todas as salas», explicou Carlos Ramos, um dos responsáveis do festival, ao Público. Este ano, aproveitando o tempo de verão, estão previstas sessões ao ar livre.

Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
Rui Jorge Martins
Com:Ipsilon/Público
Publicado em 23.08.2020