
A palavra «homenagem», inicialmente, fazia referência a uma cerimónia medieval, na qual uma pessoa jurava subordinação e fidelidade a alguém importante. Desde então, tal como acontece com aquelas pedras roladas do rio ou do mar que se tornaram lisas e sem arestas pelo efeito da erosão que as muitas águas nelas gerou, também a palavra tem sido polida pelo curso da história. Entretanto, se, hoje, ninguém refere esse rito, o significado inicial permanece incólume.
Sim, fazer uma homenagem a alguém equivale sempre a uma afirmação: a de que essa pessoa, por opção própria, «subordina» os seus legítimos desejos ao bem maior daquele ou daqueles a quem se consagra e que vive esta «fidelidade» não apenas momentaneamente, mas numa continuidade que coincide com o arco da sua existência. É o reconhecimento de que o homenageado não organiza a sua história de vida servindo os seus caprichos pessoais, mas se torna «servo» daqueles a quem fielmente se dedica.
Graças a Deus, são muitos os que assim procedem. Pense-se na dedicação dos pais, na abnegação de tantos profissionais de saúde, na responsabilidade ética dos que servem o bem comum na política e na administração, na elevada estatura de quem vê a sua empresa como compromisso social para com os trabalhadores e o meio em que se insere, em quem serve os pobres, escuta os sós, visita os abandonados, promove a fé e os valores na catequese, etc.
São muito! E são eles quem mantém o ritmo «quente» do mundo e lhe assegura a meta da humanização. São mesmo muitos! Mas no meio de todos, deve aparecer e distinguir-se uma «classe», na sua totalidade: os padres e quantos juraram servir Deus nos irmãos e não servir-se a si mesmos.
As contínuas notícias de homenagens que Paróquias e associações prestam aos seus Párocos exprimem isso mesmo. Regozijo-me com elas. É que dizem bem das duas partes: do homenageado, porque, como diz a liturgia da ordenação sacerdotal, “foi achado digno”; e dos homenageantes, por demonstrarem sensibilidade e um coração emotivo que sabe agradecer. Por isso, um coração «humano». Parabéns a uns e a outros.
Que estas homenagens sirvam de estímulo a todos para se dedicarem ao bem comum com mais afinco. E, aos jovens, para que apreciem a beleza e o valor insubstituível de quem se dedica exemplarmente aos outros e os serve, concretamente no ministério sacerdotal.
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