
Por Joaquim Armindo
O segundo capítulo do documento “ A caminho da Casa Comum”, debruça-se essencialmente sobre as questões alimentares, dando inúmeros exemplos do que algumas organizações internacionais estão fazendo para o combate à fome e deixa dezasseis linhas força para os cristãos e as cristãs prosseguirem. Logo no seu início Francisco refere que cada vez mais a alimentação “está enquadrada no sistema económico mais amplo”, com desperdícios alimentares dos países ricos e das famílias que tudo podem, reconhecendo em tais práticas como “roubar da mesa dos pobres” e não respeitando a ecologia ambiental que tudo fornece para a mesa de todos. É um direito da dignidade humana sabermos mudar de paradigma no “ciclo da produção, distribuição e consumo dos alimentos”, assim como investir em agricultura biológica, pecuária e pesca, em pequena escala, dando uma base a toda a humanidade de defesa do nosso planeta. A propriedade e uso da terra, especialmente aos grupos mais desfavorecidos das mulheres e dos jovens, deve ser incentivado – como refere o documento -, com créditos favoráveis e não exploratórios, para a produção direta da alimentação.
Para apoiar esta casa comum – nosso planeta Terra -, há que promover a organização comunitária, de forma a respeitar o ambiente, a biodiversidade, os solos e a regeneração dos recursos naturais, adaptando-os às alterações climáticas, de forma a mitigá-las. Para tal a organização cooperativa é essencial, onde a democracia seja uma exigência, em defesa das culturas dos povos. Aliás, todo o documento, neste segundo capítulo, é uma preocupação com a ligação entre a alimentação segura e a proteção ambiental, como, por exemplo, a chamada de atenção para o uso de inseticidas e fertilizantes que não firam os alimentos. Adianta, neste aspeto, a necessidade de se encontrarem “luzes” para o que chamamos OGM (organismos geneticamente modificados), através da investigação não subjugada aos grandes interesses financeiros.
Outra das preocupações é a injustiça do sistema vigente comercial internacional, que tira aos pobres, para vender “bem” aos ricos. Será necessário impedir a especulação sobre os alimentos e a dependência de “fornecedores e patentes”, que ignoram quem passa fome.
Um capítulo do documento que a todas e todos os cristãos clama para uma intervenção vigorosa, em defesa da dignidade humana e de todos os seres vivos: a Criação.