A crise ecológica é moral e cultural

Por Joaquim Armindo

Na Solenidade do Pentecostes, dia em que a encíclica Laudato Si` comemorava cinco anos, foi publicado o documento “A Caminho da Casa Comum”, pelo Dicastério do Desenvolvimento Humano Integral. Este documento ainda não está traduzido para o português, mas encerra não só reflexões, mas práticas, que o bispo de Roma quer aplicar à Cidade do Vaticano e que as Conferências Episcopais e as Dioceses possam extrair delas ensinamentos que apliquem também às comunidades paroquiais. Dividido em três capítulos, a saber: Educação e Conversão Ecológica, Ecologia Integral e Desenvolvimento Integral Humano e o Compromisso do Estado da Cidade do Vaticano, é constituído por duzentas medidas aplicáveis na prática, desde a educação às alterações ambientais. Na sua introdução começa por afirmar que: “Na raiz da crise ecológica está, de facto, a profunda crise moral e cultural que afeta as nossas sociedades, marcada por um antropocentrismo individualista exasperado que levou, entre outras coisas, a alterar a relação entre o ser humano e a natureza, com as consequências que todos percebemos”.

Neste período em que vivemos a pandemia COVID -19, estamos com medo – refere o documento -, deixando a descoberto todas as certezas que tínhamos, muitas falsas e supérfluas, alterando os nossos hábitos e prioridades. Com esta “tempestade” sentimos a incapacidade de continuar com as imagens feitas à nossa vontade. Mas, por outro lado, soubemos que afinal somos todos irmãos e irmãs, e que só podemos caminhar juntos. Sabemos, porque o sentimos, que é urgente uma Ecologia Integral na vida de cada um de nós.

E é nesta perspetiva, duma Ecologia Integral, holística, que envolva toda a criação, que as igrejas particulares – chama-se “igrejas particulares” às Dioceses -, devem promover iniciativas de educação nas várias vertentes da Sustentabilidade; a Igreja é chamada a testemunhar a sua caminhada contra uma crise cultural e moral e desenvolver na prática o que defende.

“Iniciativas para educação e formação em ecologia integral, separação e redução de resíduos, uso de meios de transporte menos poluentes, consumo crítico e circular, melhores sistemas de isolamento de edifícios, eficiência energética, investimento ético, abolição do plástico descartável, cuidado dos espaços verdes”, refere o documento como ações a desenvolver.

As nossas Dioceses em Portugal não podem ignorar este documento e as ações previstas nele.