Católica (Porto): pós-graduação em Música Sacra

Resultante da “sinergia de saberes” entre a Escola das Artes e a Faculdade de Teologia da Católica no Porto, aquela Escola promove a “Pós-graduação em Música Sacra”, formação única a nível nacional, que tem como principal objetivo qualificar, modernizar e promover a música que, cantada nas celebrações litúrgicas, constitui uma dimensão essencial da celebração da fé. Importa por isso valorizá-la e aproximá-la de toda a comunidade.

O responsável por esta Pós-graduação é Pedro Monteiro, docente da Escola das Artes da católica (Porto). Lembra que este projeto já tem vindo a funcionar ao longo de quatro anos

E tem por intenção desenvolver e acompanhar o diálogo entre fé, cultura, arte, ciência e ensino de nível superior, permitindo, paralelamente, que os alunos passem a conhecer e entender a Música Sacra como um dos fundamentos da cultura cristã, assim como as diversas formas de ligação entre o tesouro musical da Igreja e as necessidades atuais das comunidades. A pós-graduação visa, assim, de forma muito resumida, resgatar para o mundo universitário a importância da arte e cultura cristãs.

Em conversa para a Voz Portucalense, Pedro Monteiro salienta que esta formação, embora tenha tido poucos participantes do Porto, tem contado com a presença de formandos de outros pontos do país, lembrando casos de Lamego, Bragança, Viseu, Coimbra e mesmo da Galiza. A formação é feita em regime pós-laboral (tardes-noites de sexta feira e manhãs de sábados). Associa o regime presencial com a formação à distância (agora especialmente oportuna com a necessidade de afastamento).

A associação entre a Escola das Artes e a Faculdade de Teologia visa não perder os horizontes históricos da Música Sacra, o seu rico património artístico e cultural.

Pedro Monteiro afirma estar voltado para a criação de um modelo integrado de formação, englobando o Secretariado de Liturgia, a Catedral, o Cento de Cultura Católica e paróquias e vigararias, num trabalho conjunto de formação permanente.

Pedro Monteiro afirma que a música litúrgica que se apresenta nas igrejas agrega diferentes perfis de executantes. O projeto é percorrer um caminho, ainda longo, de qualificação de autores e intérpretes com formação que conduza à qualidade, com a colaboração dos sacerdotes responsáveis das diferentes comunidades.

Tem também em mente a caminhada da pós-graduação em Música Sacra até se poder construir e definir uma Mestrado de valor académico em Música Sacra. Contando com professores universitários ligados tanto à reflexão teológica como ao conhecimento da História da Música Sacra (refere os nomes de João Duque e Paulo Antunes).

Sobre as características do curso, Pedro Monteiro refere que este tipo de formação tem que ser feito com um número restrito de formandos, para garantir quer o acompanhamento quer a troca de experiências, tanto no aperfeiçoamento da utilização dos instrumentos (essencialmente o órgão, mas também violinos, flautas, trompetes), como no aperfeiçoamento da voz e da capacidade de dirigir os coros, mesmo para pessoas que têm as suas atividades profissionais mas participam nas suas comunidades.

Tem também a intenção de promover o convívio e troca de experiências entre os participantes, bem como a utilização das tecnologias atuais, como o vídeo e a gravação multimédia por computador para formação e troca de experiências.

O projeto mais alargado e ambicioso é o de transformar a música sacra no universo académico das Universidades, como acontece em muitos países europeus (lembra a Alemanha, a Áustria, a Inglaterra e a França, onde existem experiências neste domínio, como a existência de uma carreira de músicos para a liturgia). Continuar a tradição das “escolas catedralícias, agora a funcionar numa Universidade.

Aponta igualmente a possibilidade de intercâmbio formativo com escolas europeias, como tem vindo a acontecer, com a formação e valorização de especialistas em música sacra na diocese do Porto.  Há já pessoas formadas a desenvolver projetos de investigação, através da dinâmica introduzida pelo Cónego Ferreira dos Santos. Para operacionalizar este projeto existe já um núcleo de investigação que visa integrar estas formações no universo académico.

Pedro Monteiro continua assim, agora a nível escolar universitário, a proposta já desenvolvida pelo Serviço Diocesano de Música Litúrgica, defendendo que a música da Igreja exige, hoje e cada vez mais, uma atenção especial. Com esta formação será possível uma dedicação à composição musical, à liturgia em si, ao domínio técnico e artístico das formas, dos instrumentos e, acima de tudo, a sua colocação ao serviço da comunidade, nomeadamente ao nível da criação de novos repertórios, de técnicas de direção, de estímulo à composição para coro e para órgão e para a liturgia em geral e mesmo para as bandas musicais.

Recorda ainda que importa encorajar as pessoas a cantar, apesar das dificuldades do presente e sobretudo recriar a música sacra para o nosso tempo, associar a liturgia ao universo cultural da sociedade.

CF