
Por Secretariado Diocesano da Liturgia
No passado dia 25 de junho, foi divulgado em Roma o «Diretório para a Catequese» da responsabilidade do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização». Aguarda-se para breve a sua publicação em português, já preparada mas desconhecida de quem escreve estas linhas. Entretanto, as declarações feitas na Conferência de Imprensa de apresentação despertam expectativas e motivam algumas considerações.
Dirigido em primeiro lugar aos Bispos, ao Diretório deverá seguir-se a sua receção e «tradução» viva num «desejável projeto nacional», cuja necessidade, no atual contexto de transição cultural, deverá concretizar a «conversão pastoral» preconizada por D. Rino Fisichella, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização e máximo responsável desta proposta. E quais são os vetores dessa conversão que há de «libertar a catequese de algumas armadilhas que impedem a sua eficácia»? São apontados três becos sem saída (ou de saída problemática) em que nos metemos e que reclamam uma tão urgente quão difícil marcha-atrás:
– A superação do «esquema escolar» que nos levou a investir meios humanos e materiais em nome do «paradigma da escola»: «a catequista substitui a professora, a sala da escola dá lugar à sala de catequese, o calendário escolar é idêntico ao da catequese». É, sobretudo, nos grandes momentos do ano litúrgico – que normalmente coincidem com férias escolares e, portanto, com pausa no calendário catequético – que nos confrontamos com o fracasso chocante desse paradigma de que não será fácil libertarmo-nos.
– «A mentalidade segundo a qual a catequese é feita em vista da receção de um sacramento» que deixa a catequese descrente de si mesma e suspensa no vazio de motivações após a receção do sacramento alvo.
– «A instrumentalização do sacramento por parte da pastoral» que tem a sua expressão suprema na subversão dos tempos do sacramento da Confirmação «estabelecidos pela estratégia pastoral de não perder o pequeno rebanho de jovens que ficou na paróquia e não pelo significado que o sacramento possui em si mesmo na economia da vida cristã».
E quais os caminhos da catequese que urge fazer?
Tal como o anterior, o novo Diretório coloca no coração da catequese o anúncio da pessoa de Jesus Cristo. Superando distinções académicas entre tempo da evangelização e tempo da catequese, preconiza-se uma catequese intimamente unida à evangelização, assumindo as suas características mas sem pretender reduzir a evangelização à catequese. É no contexto de uma catequese querigmática que o paradigma catecumenal é retomado. Evangelização e catecumenado são indissociáveis.
D. Rino Fisichella destaca o primado da dimensão mistagógica da catequese que passa por uma «renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã» e pelo «amadurecimento progressivo do processo formativo em que é envolvida toda a comunidade». Caminho privilegiado a seguir, a mistagogia «não é facultativa no percurso catequético» mas «permanece como um momento obrigatório, uma vez que insere cada vez mais no mistério acreditado e celebrado». Só pela via da mistagogia que respeita o primado do mistério, é possível o anúncio querigmático «do mistério do amor de Deus que se faz homem pela nossa salvação».
Acolhendo a sugestão da Evangelii Gaudium 167, a nova catequese propõe-se percorrer a «via pulchritudinis» (o caminho da beleza). Trata-se de uma das «fontes da catequese» revalorizadas no Diretório. Importa conhecer melhor o património de arte, literatura e música de cada Igreja local para traduzir em catequese o mistério anunciado, contemplado e celebrado. Aliás, anota Fisichella, «uma verdadeira catequese nunca terá a tentação de dizer tudo sobre o mistério de Deus. Pelo contrário, deverá introduzir à via da contemplação do mistério, fazendo do silêncio a sua conquista».