Na gratidão, a vida floresce

Por João Alves Dias

Com data de 13 de maio, recebi uma carta que dizia: “Envio-te um livreco – Estrelas no meu Caminho – que, a pedido dos colegas, publiquei. Pouco vale e, para ti, muito menos porque desconheces os visados, mas é, apenas a amizade que me levou a partilhar contigo estes rabiscos”. Assina o P. Justino Lopes, pároco de Vila Nova de Paiva, “velho” assinante da VP e grande admirador de D. António Ferreira Gomes.

Na sua apresentação – “Pórtico Sacerdotal”- escreve: “Sendo eu natural duma Comunidade que tantos padres deu à Igreja, senti-me espicaçado a desfolhar no jornal diocesano, “Voz de Lamego”, nos jornais regionais e, agora colijo em livro, pequenos apontamentos sobre alguns sacerdotes – santos sacerdotes! – que não precisam de «dar pontapés na lua» para brilharem como estrelas no meu caminhar. Aqui lhes presto a minha homenagem de admiração, de gratidão”.

Dos quarenta biografados, conheci D. Alberto, no Porto e o cónego – depois bispo de Bragança – Rafael, em Estrasburgo no Colóquio Europeu de Paróquias.

Limito-me a transcrever alguns testemunhos. Deixo aos leitores o seu juízo.

. “Saio com as mãos limpas e a consciência tranquila. Entrei pobre e saio pobre. Não comprei quintas nem apartamentos. Os meus haveres são do conhecimento de todos”. (P. António Ângelo)

. “Sobre o caso de lecionar Moral na Escola Técnica… Peço desculpa da minha atitude, mas não aceito, nem nunca aceitarei porque nunca concordei que os párocos fossem professores e isto porque conheci e conheço párocos que eram muito zelosos, antes, mas, depois que principiaram a leccionar, abandonaram quase por completo a vida paroquial, limitando-se quase à celebração da Santa Missa e nem os vizinhos podem auxiliar”. (Resposta do P. João Gonçalves ao bispo de Lamego)

. “O jornal é uma necessidade. Diga-se, porém, que se fôramos a regular-nos pelas normas da prudência dos chamados homens práticos – essa estranha raça de espíritos que pondera e julga todas as cousas pelo diapasão da utilidade, da conveniência, da oportunidade, do dinheiro, jamais teríamos coragem, força suficiente para nos lançarmos numa obra que é de apostolado.” (“Palavras de abertura” da “Voz da Nossa Terra”, do P. Sílvio Amaral)

. “Em vez de ficarmos na margem a gritar maldições para o barco, é preferível saltar para dentro dele, remar com os outros e corrigir o rumo.” (Palavras de incentivo do P. Bento da Guia ao P. Justino)

. “Estás a começar, é natural que precises de dinheiro, aqui tens X e pagas quando puderes.” (P. Abel Sousa, quando o P. Justino foi nomeado para Nespereira, Cinfães.)

. “Cultiva-te, Justino. Tu podes. Nós ajudamos-te economicamente, se precisares.” (Colegas vizinhos)

. “Como tínhamos dificuldade em arranjar pregadores quaresmais, resolvemos fazê-lo nós. Trocávamos de paróquia. O esquema era comum, a linguagem e a sonoridade era própria de cada um. E o povo aplaudiu.” (P. Justino)