A igreja de S. João da Foz do Douro é uma das mais belas igrejas históricas da cidade do Porto, talvez menos visitada pela ausência de centralidade, mas possuidora de um grande equilíbrio arquitectónico e artístico. Construída ao longo dos séc. XVII e XVIII, distingue-se pelo seu retábulo mor, em estilo barroco mais tardio (1735), onde se evidencia a escultura de S. João Batista, e pelos altares laterais (1713-15), no estilo barroco inicial, dotados de um notável equilíbrio ornamental, dedicados ao Bom Sucesso, ao Senhor Jesus, à Senhora do Rosário, a Santa Gertrudes, com significativas imagens.
Em dia de S. João, como tem sido tradicional, e por opção do atual pároco, Cónego Jorge Teixeira da Cunha, celebrou-se, em hora vespertina, a solenidade dedicada ao Precursor de Jesus, a que presidiu o Bispo Auxiliar do Porto, D. Vitorino Soares, numa celebração que, segundo ele próprio, foi a primeira que ali presidiu com grande satisfação pessoal e pastoral. Houve afluência de fiéis, devidamente mascarados, houve coro litúrgico interpretando os textos próprios da Liturgia, incluindo polifonia, flauta e órgão, sob a direção já tradicional de José Fernando Oliveira, e houve a presença da representante da Junta de Freguesia, Maria Lacerda, e de alguns dos párocos da vigararia do Porto poente.
Na manhã desse dia fora já São João lembrado no centro do Porto, em celebração presidida pelo P. Agostinho Jardim, na igreja também monumento de S. João Novo, onde o Precursor se lembra em imagem que luz à entrada do templo.
Na sua mensagem, D. Vitorino Soares, evidenciando a necessidade de algum afastamento, insistiu na aproximação espiritual: “A festa do nascimento de S. João Batista no passado foi tempo de alegria para todo o povo, hoje pode traduzir-se num dom e num tempo de confiança para todos”. Recordando o lema deste ano na diocese, “Como ramos na videira”, exortou a que, à maneira do batismo de Cristo, este seja um tempo “para moldar novos corações”, como “grande momento de misericórdia, o grande benefício para todos nós”, fomentando a grande convicção de que Deus está connosco”. Por isso exortou à confiança uns nos outros, na comunidade: “É esta condição que nos faz pessoas importantes, nos serviços que prestamos”. A convicção de que Deus está connosco recordou-a nas palavras de Santa Teresa: “nada te perturbe, nada te espante, só Deus basta”.
Na sua mensagem final, o Cónego Jorge Cunha manifestou incontida alegria nesta celebração, visivelmente animado pela participação da comunidade, apesar das circunstâncias adversas, o que mereceu o aplauso espontâneo de todos.
CF
Legenda da imagem – Escultura da S. João Batista na frontaria da igreja da Foz do Douro