
Por Joaquim Armindo
As palavras, do português José Tolentino de Mendonça, criado Cardeal pelo papa Francisco, deixa-nos o orgulhoso de sermos portugueses e portuguesas ao serviço da humanidade. Realçando o facto de ser português, e um cidadão, que fala aos outros cidadãos portugueses e cidadãs portuguesas, não deixa de ser uma interpelação ao mundo. É necessário ouvir, mas mais que isso ler o que um poeta português diz acerca da situação que vivemos na Humanidade. Não o queria ofender, mas a profundidade das suas palavras é de quem pode e deve servir a humanidade, porque sente por ela e fala para ela. Discurso de “caravela” de quem se faz ao “mar” e nas suas “ondas” encontra o serviço que deve prestar aos homens e às mulheres, e a todos os seres vivos, refira-se, deste cosmos onde vivemos. Nas suas palavras o “sonho do desconfinamento” é o poema que canta nas águas de todos os oceanos, na luz das estrelas, da lua e do sol, e se espalha em cada canto onde se canta a alegria de viver. Por isso, as suas palavras soam a cantares e danças das culturas dos povos e traduzem-se naquilo que se chama o “bem-viver”, em vez do “bom-viver”.
Trata-se de Camões, mas deste Camões que deixou o seu canto em cada terra onde estava, em cada amor vivido, em cada “crise” que superava na “missão”; às vezes parece que ficou só, mas não deu de si o encanto das vivências das tempestades do amor pátrio ao serviço das “raízes” que o viu crescer e das “raízes” onde foi construindo esse poema dos Lusíadas. Essa fraternidade e (com) paixão vividas, é que se chama a caravela onde se firmam os pactos comunitários e se forjam a partir das culturas e da história éticas de sermos membros esta grande comunidade humana, onde os velhos são ouvidos como testemunhas dos saberes das inclusões – e não integrações, como se percebe no texto -, reabilitadoras da necessidade de vivermos em conjunto, numa interação de ideias e de experiências.
E o discurso do Cardeal termina chamando à viagem comum, numa ecologia integral, onde os seres vivos vivam em harmonia, e nesta Casa Comum sejamos capazes de construir uma Ecologia do Mundo, onde as mulheres e os homens vivam sem “confinamentos”, como Camões viveu os Lusíadas.
Obrigado ao português, obrigado ao Cardeal, pela Esperança deixada em cada um de nós, cidadãs e cidadãos de Portugal e do Mundo.