Sugestões de leitura no Dia de Camões

Fazemos neste espaço duas sugestões de leitura no Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades.

Correspondências: Mons. José de Castro, António de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano.

Autores: Henrique Manuel Pereira e Sandra Vale

Edição: Diocese de Bragança-Miranda, 2020

Mons. José de Castro é uma das mais ilustres personalidades de Bragança e da história portuguesa contemporânea. Homem de carácter e de cultura, Mons. José de Castro (1886-1966) foi sacerdote (sempre ligado pela incardinação à diocese de Bragança-Miranda), jornalista, escritor, historiador, conferencista, diplomata. Foi tudo isso em grau superlativo. Este livro, como o título indica, gira em torno das correspondências epistolares entre Mons. José de Castro, António de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano.

Enquanto Conselheiro Eclesiástico da representação diplomática de Portugal junto da Santa Sé, Mons. José de Castro (1886-1966) dinamizou uma densa rede de contactos, alimentada por prolixa correspondência epistolar. Espanta, justamente, a amplitude e “qualidade” das redes de relações e sociabilidades que, mormente nesse período, organizaram o seu contexto.

Entre os interlocutores do sacerdote e diplomata brigantino, figuram precisamente os nomes dos dois homens que conduziram os destinos do país ao longo de mais de quarenta anos: António de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano.

Do Arquivo Distrital de Bragança provém, quase integralmente, a correspondência recebida por Mons. José de Castro. Do Arquivo Nacional Torre do Tombo encontrámos a correspondência enviada por Mons. José de Castro aos dois interlocutores, nos correspondentes fundos documentais que lhe são dedicados – Arquivo António Oliveira Salazar e Arquivo Marcelo Caetano.

Salazar já cá veio? Padre Américo, um rascunho, três cartas, cinco poemas

Autor: Henrique Manuel Pereira

Edição: Alforria, 2020

Compasso breve, o presente livro corre em quatro andamentos. O primeiro, a que deu nome de rascunho, é um retrato de Padre Américo, uma síntese da sua vida e obra, aos olhos do autor da obra.

Precedido de nota rápida, a propósito das relações da Obra da Rua com a censura, o segundo andamento incorpora três cartas que Padre Américo, em circunstancias e períodos diferenciados (1933, 1948, 1950), respeitosamente, mas sem adulações nem submissões, dirigiu a António de Oliveira Salazar (1889-1970). São elas testemunho da liberdade do seu autor. Assim como o opúsculo Do fundamento da Obra da Rua e do teor dos seus obreiros, saído dos prelos da Casa do Gaiato de Paço de Sousa, em 1950, integram o arquivo de António de Oliveira Salazar. A pergunta que dá título à publicação colhi-a da ultima daquelas cartas: “Acontece muitas, muitas e muitas vezes ter eu [Padre Américo] ouvido da boca de visitantes – ‘Salazar já cá veio?’ – de tão nacional que a obra é!”.

A terceira parte será́ tão-só a voz e a homenagem de uns quantos de nós. (Contributo para um volume ilustrado, apenas com poesia, dedicado àquele que foi “poeta das almas e mendigo de Deus”?). Uma biocronologia e bibliografia, concebidas como instrumentos de apoio à investigação, configuram o términus da viagem.

Escrevia-se em 1976: “há́ muita gente, mesmo sem fé́, que continua a alimentar-se com a palavra do Padre Américo”. Assim hoje também. E repito-me: homens de posições políticas extremadas, crentes, agnósticos e ateus encontram nele uma referência para o melhor da sua humanidade.