
Estamos a passar, ainda, pelo COVID -19, a pandemia que abalou os alicerces da economia e um ataque à coesão social sem precedentes e à saúde das pessoas. Se se torna verdadeiro que estaremos nos últimos tempos de um vírus que ainda ninguém sabe como apareceu, também o é, que ainda não será desta a era de um novo paradigma que contenha uma conversão ecológica e integral, nos homens e mulheres e nos seres vivos. Podemos dar um passo de consciência e elaborar mais uma etapa à frente, mas, talvez, só para manter vivo um sistema onde o desenvolvimento integral humano ainda não caminhará na direção apontada pelos princípios do “Desenvolvimento Sustentável”, ou ainda mais avançado na esteia da “Laudato Si`” e da “Querida Amazónia”.
O manifesto lançado por 64 empresas portuguesas: “Aproveitar a crise para lançar um novo paradigma de desenvolvimento sustentável”, do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável – Portugal (BCSD- Portugal), congrega, em si, energias para um “novo modelo de desenvolvimento”, chamando as sustentabilidades económica, social e ambiental. Preocupação legitima nas suas cinco ideias fundamentais: desenvolvimento sustentável e inclusivo, crescimento, eficiência, resiliência e cidadania corporativa, mas aquém de uma sociedade respeitadora da sustentabilidade cultural, de que nos fala Francisco.
Compreendo a solicitude das empresas referidas, grandes empresas, e até a sua preocupação com o ambiente ou a coesão social, e isso é positivo, mas não conseguem dar o passo decisivo para uma conversão ecológica. Note-se que não estou a afirmar que ela só se encontra na Igreja Católica Romana ou noutra confissão religiosa, mas nesta aceitação daquilo que é a harmonia da vida, e que tão bem os povos aborígenes nos ensinam. Não é, assim, o apelo a uma conversão religiosa, mas a uma “conversão” à dignidade humana e a todos os seres vivos, e isso falta naquela declaração. Não podiam ir mais longe, acredito e aceito, o que fizeram já é alguma coisa.
Agora mais de que nunca é necessário que as Igrejas, de todas as denominações, tragam à prática aquilo que disseram na semana da “Laudato Si`”, sendo capazes, de, sem proselitismos, apresentar aquela humanidade que Jesus quer. A hora é nossa, da nossa atuação como cristãs e cristãos, de juntamente com toda a humanidade, descobrirmos, nem é necessário construir, porque já está, um mundo, um cosmos, livres da subjugação e onde o Amor e a Misericórdia sejam o quotidiano. O que é libertador de outras “pandemias” que por aí jazem há tanto tempo.