
A pessoa é comunicadora por natureza. Nascemos a comunicar inconscientemente e só o processo de educação e desenvolvimento nos conduz à vontade expressa de estabelecer relações de participação ou de abertura: do ba-ba-ba infantil, passamos à manifestação de sentimentos profundos, típicos dos místicos e artistas.
Mas há outro dado: no princípio e no final da vida, comunicamos connosco mesmos e desconhecemos os outros; na idade da consciência, voltamo-nos para fora, para o mundo. Para dele receber informações e partilhas. Mas também para lhe dar algo de positivo, qualquer coisas própria que os outros não podem dar. Os que assim não procedem são designados por autistas, neuróticos, psicóticos, etc. Isto é, doentes.
Com o desenvolvimento técnico, a comunicação serve-se de novos canais: perante os radares e sonares que equipam os navios modernos, os faróis pouco mais representam que curiosidades históricas; hoje, ninguém recorre aos sinais de fumo, circunscritos na sua compreensão e área de influência, mas sim às redes sociais, com um alcance e capacidade quase universais.
Curiosamente, os novos meios, nem sempre levaram à partilha do «próprio» que cada um pode dar para o bem dos outros. A não ser que esse «próprio» se resuma à “besteira”, como diriam os brasileiros. Muitos falam por falar. Ou por maldade. Falam… consigo mesmos, em solilóquio demencial.
A «grande» comunicação também não está melhor. Porque longe vai o tempo em que a veracidade era o alicerce onde se firmava, o que a motiva é a defesa de qualquer coisa: ideologias, sistemas, grupos ou outros. E como, para alguns, a melhor defesa é o ataque, aí está a agressividade institucionalizada. Particularmente para com a Igreja, pois é das poucas estruturas que pregam a liberdade e o respeito mútuo, a racionalidade e a verdade. Por isso, paga-se por uma «estória» -real ou fictícia- de pedofilia, de um caso «sentimental», de um padre que celebrou uma Missa com a porta aberta quando devia estar fechada…
Não vejo o mundo a preto e branco. Mas, por vezes, dá a ideia de que para não o vermos a preto, é necessário usar tais filtros que invertam as cores. Ou pôr de lado a imprensa…
É um pouco a pensar nisto que a Igreja criou o Dia Mundial das Comunicações Sociais, já na sua 54ª edição.
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