Domingo, 31 de maio, pelas 20.30h, no Porto, Cidade da Virgem.
Há mais de um milénio que o Porto tem a marca de Maria, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja. O povo sabe disso e sempre pôs no regaço de Maria a gratidão e a súplica. Desde 2010 assinala essa proximidade com uma procissão, no dia 31 de Maio, concluindo o mês que dedica a Nossa Senhora de Fátima. É a maior procissão da Cidade, promovida pelas paróquias e com o apoio da Câmara Municipal.
Tudo estava preparado para mais uma procissão. O COVID19 veio impedir um gesto que já está na alma do povo. Confinado em casa, rezando pelos meios de comunicação, exigia-se, ao menos um sinal, que atravessasse a Cidade, nem que fosse um Andor só para dar confiança: a nossa Mãe está vigilante e cuida dos seus filhos.
As duas vigararias (Porto-Nascente e Poente) apresentaram a proposta à Câmara Municipal, que logo deu sequência ao desejo desta gente cristã, e ao Bispo D. Manuel que prometeu presidir a este gesto filial do povo do Porto. Bem claro ficou o nosso compromisso de cumprir todas as regras de segurança sanitária.
Procissão da Luz, em dia do Pentecostes, no fim de um mês cheio de oração em família e nas comunidades, a noite de Domingo, dia 31, será rito de Bênção em seis pontos da Cidade. Maria e os Apóstolos acolheram o Espírito de Deus que faz de nós novas criaturas, capazes de anunciar e dar vida à Boa Nova de Jesus em todos os lugares, mas privilegiando os mais necessitados, marcados pelos sinais da morte.
Saindo da igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição, a imagem da Senhora de Fátima vai do Nascente ao Poente, olhando para seus filhos, e termina numa saudação aos doentes, médicos, enfermeiros e pessoal dedicado aos cuidados de saúde, no Hospital de Santo António.
Era necessário este sinal e é bom perceber que esse é também o sentir das autoridades, instituições e associações da sociedade civil. A Cidade da Virgem não morreu com a pandemia e a esperança que nos anima a construir o futuro assenta em bases firmes: a nossa Fé e o conceito de pessoa que nos leva a ser solidários. É a nossa matriz, o nosso jeito de viver.
Simplicidade, destreza, verdade vestem a nossa atitude: aos pés da Virgem colocamos o sofrimento e as razões da nossa Esperança. E sentimos a certeza do seu carinho de Mãe.
(cónego Fernando Milheiro)