Covid-19: Os jovens são o Agora de Deus

A pandemia do novo coronavírus e as medidas que lhe fizeram frente, levaram os jovens a refletir e agir. Sentiram-se mobilizados e convocaram a criatividade. Para fazer Igreja. Publicamos este texto do Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil (SDPJ) que analisa este tempo de pandemia vivido pelos jovens da diocese do Porto.

Os jovens são o Agora de Deus. Muitas vezes ouvimos esta frase, certamente, mas é real, este é o tempo dos jovens, destes jovens.

Esta pandemia colocou a descoberto os melhores jovens que a humanidade já teve. Os mais solidários, os mais atentos, os mais inteligentes e instruídos, os mais audazes e corajosos.

Neste tempo de pandemia, os jovens correram à frente, como o discípulo Amado. Pela força da sua juventude, pela audácia, pelos conhecimentos tecnológicos, que nos salvaram, e muito, da inércia e “deserto” eclesial/pastoral, os jovens acabaram por assumir a dianteira nas paróquias.

Rapidamente, se colocaram ao dispor dos párocos e dos diferentes grupos pastorais. Aceitaram novos desafios, novas formas de voluntariado, ou, os próprios puseram pés ao caminho, por, também, serem grupo social com menos risco de doença, pela paragem (em certa medida) das suas tarefas habituais, utilizaram o seu tempo para estar ao serviço.

Sugiram centenas de ações solidárias entre os jovens, muitas delas partilhadas nas redes sociais (SDPJ Porto, inclusive). Os jovens conferiram, provaram, à Igreja a beleza da juventude, quando estimularam a sua capacidade de se alegrarem com aquilo que lhes foi apresentado – a pandemia, transformada em oportunidade – e a partir daí deram-se sem recompensas, renovaram-se e partiram para novas conquistas e desafios.

Na análise às redes sociais do SDPJ Porto os números são incríveis.

São cerca de 42 grupos a divulgar ações de solidariedade (fabrico de máscaras e viseiras; confeção e distribuição de refeições e outros alimentos; serviço de apoio aos idosos ou outros grupos de risco, como ir a farmácia, ás compras, etc; acompanhamento telefónico de pessoas mais solitárias, acamadas ou mais distantes dos grandes centros; criação de hortas solidárias; etc.).

Em resposta a um desafio, do SDPJ Porto, para celebrar o Dia Diocesano da Juventude, que foi cancelado, foram publicadas cerca de 100 partilhas, nas redes sociais, ou seja, houve 100 grupos que quiseram marcar este dia. Um outro desafio proposto para do Mês de Maria o facebook do SDPJ conta já com 56 partilhas, vários grupos quiseram mostrar de todas as formas, desde o canto á recitação do terço, a atividade dedica a Maria. De notar que, durante o Mês de Maria, tem sidos os jovens a levar Nossa Senhora pelas ruas das suas paróquias, tendo esta consciência da importância de Maria para as suas comunidades, principalmente os mais idosos.

São apenas números e notas que foram chegando ao SDPJ que mostram a realidade atual de algumas comunidades na sua dinâmica juvenil.

Os jovens só não são o presente da Igreja quando não os deixam ser.

Eles entendem a importância da sua ligação às comunidades e no que quer que façam tem cada vez menos vergonha de dizer que são de Cristo.

Urge fazer cominho com os jovens (ao jeito dos discípulos de Emaús). Apostar em novos projetos pastorais, no mundo digital ao serviço da pastoral e nas novas linguagens. Estar atento às novas realidades, e principalmente a uma Igreja que se transformou durante o tempo de confinamento. Passamos a ter uma Igreja mais doméstica, que nos entrou em casa, que uniu novos e velhos. Os netos ajudam os avós, os catequistas mais novos ensinam os mais velhos a usar o “zoom”, … quase por carolice entramos numa pastoral intergeracional, tão falada mas tão pouco vivida.

Além da pastoral habitual realizada pelas paróquias, segundo determinados esquemas, é muito importante dar lugar a uma “pastoral popular”, um outro estilo, em outros tempos, com novos ritmos e métodos. Estar onde os jovens estão. Uma pastoral que estimule e não seja castradora. Que invista nas suas capacidades e acompanhe o seu crescimento, conduzindo às escolhas certas, mas livres, estando certos que até o erro faz parte da aprendizagem. Fazer da Igreja um espaço onde os jovens se sintam livres de dizer o pensam e se manifestem de corações abertos.

Os jovens precisam de liderança, acompanhamento e valorização, não de regras arcaicas ou metodologias castradoras do seu potencial, da sua natural audácia ou saudável rebeldia.

É necessária na Igreja uma provocação da interdisciplinaridade das diferentes áreas de pastoral, por convicção e não por necessidade.

Deixar os jovens participar em locais de destaque e decisão, comos conselhos pastorais paroquiais, secretariados de catequese, liderança de equipas de socio-caritativas, liderança de grupos de acólitos…. Sem medo.

Potenciar ao máximo os seus dons, todos sabemos que os jovens dominam o mundo digital e da imagem, não serão eles as mais valias, neste momento, para a Igreja? Que sejam eles a levar a mensagem de Jesus por todo mundo, ainda que, ao contrário do que nos pediam há uns tempos, sem sair do sofá.

Já há uma nova forma de Pastoral Juvenil no terreno, fruto do trabalho e das propostas e pensamentos do atual SDPJ, que muitos jovens já agarraram mas muitas comunidades ainda não. A Pastoral Juvenil deixou de ser vista só como sendo o Grupo de Jovens e muito menos sendo vista para execução de eventos ou atividade.

A Pastoral Juvenil do Porto é cada vez mais uma configuração a Cristo, nas inúmeras formas de estar ao serviço dos outros e das Comunidades.

É importante formar, ainda que necessite de longo caminho, uma nova consciência (global) de pastoral juvenil.

“Nesta busca (neste caminho) deve-se privilegiar o idioma da proximidade, linguagem do amor desinteressado, relacional e existencial que toca o coração e chega à vida, despertando esperança e desejos.”, como refere o Papa Francisco na Exortação Apostólica Cristo Vive.

Ainda na Exortação Apostólica, o Papa Francisco termina assim: “Ficarei feliz vendo-vos correr mais rápido do que lentos e temerosos. Correi “atraídos por esse Rosto tão amado, que adoramos na Sagrada Eucaristia e que reconhecemos na carne do irmão sofredor.”

(SDPJ-Porto)