Por Maria Manuela Lopes Cardoso, Associação África Solidariedade
Com entusiasmo viemos à leitura de sucessivos testemunhos e/ou reflexões em vários números da Voz Portucalense sobre a presença do Bispo português, mormente Bispo moçambicano, D. Manuel Vieira Pinto, como testemunho vivo e apaixonado da presença cristã e eclesial centrada no testemunho pastoral dentro e a partir da sua Diocese de Nampula, Moçambique. Estou ciente de que outras vertentes da sua inspiração, a inspiração do Evangelho, não devem ser esquecidas, pelo que ousamos escrever esta breve nota como modesto contributo.
Já veio à colação o entusiasmo com que D. Manuel lançou o Movimento para um Mundo Melhor, sendo agora de realçar a celebração entusiástica dessa iniciativa com outros sacerdotes, entre aos quais os Padres Vítor Feytor Pinto e Orlando Mota e Costa. As manifestações perante milhares de participantes, designadamente no Palácio de Cristal no Porto, que esse Movimento levou a cabo ficaram famosas como dinamismo da Igreja pós-conciliar.
Permita-se, por testemunho pessoal, acrescentar também a criação da Associação África Solidariedade, sedeada que foi, e ainda é, na paróquia de Cedofeita, no Porto. Procurando ir ao encontro da inspiração de D. Manuel, esta Associação – já lá vão mais de vinte e cinco anos – sentiu-se especialmente motivada para contribuir para a criação de esteios ao desenvolvimento dos Países lusófonos africanos, através do apoio programado na formação universitária de cidadãos africanos de língua portuguesa em Universidades portuguesas, na convicção de que esse objetivo seria prioritário na criação de “quadros” que fossem meios para o desenvolvimento desses Países. No decorrer de anos esse enfoque tem sido prosseguido, atingindo a formação e licenciaturas e, quanto possível, mestrados, de dezenas de cidadãos, pelo apoio às respetivas bolsas de estudo, terminando com licenciaturas e/ou mestrados, designadamente em Medicina e Arquitetura. No ínterim, levou já a cabo a obtenção e correspondente concessão de financiamentos e apoios a diversos “projetos” em países africanos de expressão portuguesa, com relevo para Moçambique e Hospital Rural do Songo, e com o apoio de diversas instituições públicas e empresas mecenas.
É esta breve nota que entendemos trazer ao enquadramento de influência da inspiração do fogo pastoral de D. Manuel, então mesmo para além da sua iniciativa pessoal. Esta dinâmica e empenho continuam a estar presentes e atingiram já várias dezenas de licenciados, sendo desnecessário centrá-la na personalização desses “quadros” e da persistência do trabalho de vários responsáveis da Associação, que a têm assumido. De salientar, porém, para além de outras iniciativas, o apoio no decorrer dos anos para o Hospital Rural do Songo, em Moçambique.