
Por Joaquim Armindo
Tendo uma crise de enorme gravidade como a COVID-19, que não contávamos, destruído as economias de todos os países, é necessário a sua reconstrução. Duas coisas, porém, são inquietantes, a primeira prever que uma nova “onda” – como se diz -, aí virá, se não for mais que uma, e outra compreender que qualquer reconstrução passa, necessariamente, pela consumação da elevação cultural do nosso povo. Nas quatro variáveis do desenvolvimento humano a pandemia, agora vivida, conseguiu destruir uma parte importante das economias, da coesão social, ao mesmo tempo que se observou um desenvolvimento positivo do ambiente, sendo este um sinal bem visível da carência da Criação, insultada por todos nós. Mas as pandemias sejam deste tipo ou de outro, só se conseguem ultrapassar se todas e todos crescermos culturalmente. A cultura é a base indispensável para a construção de um mundo, e de um cosmos, onde possamos viver dignamente. Qualquer pandemia ou epidemia só podem ser vencidas por uma vontade cultural, que em todos produz um sentido espiritual de não abandonados.
O relançamento da economia só se fará, sustentadamente, se possuir na sua génese um desenvolvimento social correto e justo e um outro olhar para as alterações climáticas e todo o ambiente, na sua biodiversidade. Não é possível um desenvolvimento económico correto e vencedor de todas as pandemias, sem prestar a justa atenção ao socialmente justo e ambientalmente correto, qualquer tentativa acabará por falhar. Mas, sem o envolvimento cultural do património artístico, histórico e dos valores das culturas locais, não só do passado mas das suas dinâmicas vivas e participativas, onde exista o diálogo técnico cientifico com a linguagem popular, não se consegue respirar para repensar a relação dos seres vivos – entre os quais os humanos – que fazem parte do meio ambiente (Laudato Si`, 143). Os conhecimentos, os hábitos, acumulados pelas populações, servirão na sua dinâmica, como níveis de confiança, de cooperação para a inclusão e superação de todas as formas de pobreza.
Por muitos e bons planos que se façam para a economia, esta se não for assente numa dinâmica da cultura e no combate à iliteracia, sucumbirá aos terramotos de todas as pandemias que por aí vêm. A espiritualidade que brotará, como vento muito forte, será para todos o Pentecostes de uma comunidade humana vencedora do COVID – 19, e outras pandemias, que pulularão por aí.