A 12 de maio, em Ermesinde…

O dia 12 de maio em Ermesinde é sempre muito especial, assinalado por uma noite de luz que irradia da Senhora de Fátima para os Ermesindenses e destes para a sua cidade. Nove procissões de velas partem de outros tantos lugares, convergindo para a Igreja Paroquial, tornando evidente que Nossa Senhora é o maior fator de coesão desta comunidade humana, é o farol que a une nesta noite singular.

Em 2020 não podia ser assim. Não se pode honrar a Mãe do céu fazendo alastrar a doença entre os seus filhos. Estava preparada a transmissão de uma oração, inserida no mês de Maria com a intervenção de todos os grupos que organizam as 9 procissões… Mas faltava algo. E esse algo surgiu: as autoridades permitiram um cortejo automóvel com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, na condição de se evitarem aglomerações ou acompanhamentos. A peregrina seria Ela, a Mãe!

Houve muito pouco tempo para a organização. Em dois dias foi possível concertar com os Bombeiros Voluntários de Ermesinde, com a cooperação da Junta de Freguesia da Cidade, uma verdadeira sinergia… E a noite foi memorável.

Na organização do itinerário, foram visados dois objetivos:

Visitar os nove lugares de onde em cada ano se organizam outras tantas procissões;

– Sem pôr completamente de lado os percursos habituais, passar com o andor por ruas que quase sempre ficam à margem dos trajetos habituais.

Cumprindo o objetivo principal, o andor com a imagem de Nossa Senhora visitou, sucessivamente: os Sonhos (tinham a prerrogativa, neste ano, de subirem com o seu andor à tribuna presidencial), Montes da Costa, Santa Rita, Bom Pastor, Saibreiras, Gandra, São Paio (Capela do Senhor dos Aflitos), Bela e Soutinho. Só em Soutinho é que não se passou – por 100 metros – no lugar onde os devotos de Nossa Senhora se reúnem em oração. Foi um desconsolo. Mas a cabeça da coluna automóvel não atinou com a programada Rua Nova de Soutinho e o padre não ia no lugar do motorista…

O segundo objetivo cumpriu-se em parte, porventura com pesar dos moradores de outras ruas habitualmente mais favorecidas neste aspeto. Superou-se largamente a soma da quilometragem percorrida pelas 9 procissões nos anos precedentes.

Foi possível acompanhar este acontecimento «ao vivo». Uma equipa de voluntários com grande competência e meios modestos conseguiu manter uma transmissão em direto em «streaming» pondo no ar, em simultâneo, ao longo de três horas, imagens da oração que acontecia na Igreja e do trajeto que o andor ia percorrendo pelas ruas de Ermesinde. Largos milhares de pessoas, bem mais do que as que o Largo da Matriz comportaria, acompanharam o acontecimento com grande interesse e emoção. Ao encerrar o direto, registavam-se 25000 visualizações no Facebook e 1500 no YouTube… Não houve aglomerações nas ruas mas houve uma grande comunidade que se sentiu visitada.

Uma palavra de conforto aos que ficaram dececionados porque, apesar de horas de espera, o andor da Senhora peregrina não foi à sua rua. Não é possível levar a imagem da Virgem dos Pastorinhos a todas as ruas. Mas a Mãe conhece bem todos os seus filhos e não aparta nenhum. Ela não deixará de visitar, realmente, todos os que a veneram e invocam, particularmente nas horas de provação que vivemos.

(inf: Cónego João Peixoto)