
Por António José da Silva
É difícil acompanhar tanta informação sobre a Covid 19. São os números diários dos infectados, dos mortos, dos internados e dos recuperados; são as correcções desses números por erros na contagem; sãos os nomes dos países em que a pandemia vai crescendo ou diminuindo. São demasiadas notícias para se fixarem todas. No entanto, uma coisa parece digna de registo: é que, pela primeira vez, uma pandemia está a atingir, mais visivelmente as grandes potências do mundo. E dizemos isto porque, geralmente, são os países pobres que fornecem o terreno mais fértil para a propagação das pestes. Basta ler muitos dos textos, cuja publicação veio recordar por estes dias as grandes epidemias que, ao longo do tempo, assolaram o mundo.
Entre as chamadas grandes potências, a China ocupa, no caso do “coronavírus”, um lugar destacado em termos mediáticos, não tanto por causa dos efeitos trágicos que este já provocou, mas devido às acusações de que o governo de Pequim tem sido alvo, por conta da presumível responsabilidade que terá tido na sua disseminação. São acusações graves, oriundas sobretudo dos Estados Unidos, e que só não tiveram um eco mais audível, por cauda da falta de credibilidade internacional de Donald Trump, o principal mentor desta campanha.
Já o caso da Rússia merece uma referência especial porque, até há pouco, este país não tinha motivado qualquer interesse noticioso particular no que toca a esta matéria. De tal modo que se chegou a pensar que a Rússia talvez não viesse a sentir os efeitos da disseminação do vírus e que talvez conseguisse mesmo passar incólume por esta tragédia universal. Só que, nos últimos dias, multiplicaram-se as notícias acerca da chegada em força daquela epidemia à Rússia. Os números não deixam dúvidas acerca da gravidade desta nova situação. O país de Vladimir Putin passou a ocupar um lugar cimeiro no mapa daqueles que foram mais gravemente atingidos.
Nesse mapa da pandemia, podemos destacar ainda a Itália que, apesar de não ser uma grande potência política, mantém um estatuto económico de primeiro plano na Europa, como mantém, já há muito, um lugar cimeiro entre os países mais infectados pela Covid 19. O mesmo se pode dizer do que está a acontecer no Reino Unido que continua a ter na Europa e no mundo um peso que não se pode menorizar. E, finalmente, se pensarmos nos Estados Unidos, bem poderíamos ser levados a acreditar que esta é uma pandemia que atinge particularmente os países ricos. Só que, infelizmente, a hora dos países pobres também pode estar a chegar…