Solenidade da Ascensão do Senhor

24 de Maio de 2020

 

Indicação das leituras

Leitura dos Actos dos Apóstolos                                                                       Actos 1,1-11

«Recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria, e até aos confins da terra».

 

Salmo Responsorial                                            Salmo 46 (47)

Ergue-Se Deus, o Senhor, em júbilo e ao som da trombeta

 

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios                                     Ef 1,17-23

«Colocou à sua direita nos Céus, acima de todo o Principado, Poder, Virtude e Soberania».

 

Aclamação ao Evangelho                       Mt 28,l9a.20b

Aleluia.

Ide e ensinai todos os povos, diz o Senhor:

Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos.

 

Conclusão do santo Evangelho segundo São Mateus                                        Mt 28,16-20

«Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram.».

«Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos»».

 

Viver a Palavra

O ser humano é por natureza curioso. Gosta de saber e conhecer o mundo e a realidade à sua volta. Esta ânsia de saber mais possui também muitas vezes o desejo de conhecer o futuro, de saber como se desenvolverão os acontecimentos do mundo e as suas vicissitudes, como será a nossa vida e até a vida dos outros. Alguns até procuram os caminhos do esoterismo para satisfazer essa necessidade de saber aquilo que está para vir. Em momentos difíceis e exigentes da história, como este que estamos a viver, também nós, porventura, desejaríamos saber quando venceremos esta pandemia, quando haverá uma vacina ou um tratamento para este vírus, quando voltaremos a viver com segurança e tranquilidade a nossa vida social. Contudo, respondendo àqueles que lhe perguntavam se estava prestes a restauração do Reino de Israel, Jesus adverte os Seus discípulos e neles dirige-se a cada um de nós: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade».

Deus Pai é Criador e Senhor de todas as coisas. Criou com amor e para a liberdade. Não é um programador do universo que o determinou com coordenadas precisas para que tudo decorra deterministicamente tal como Ele projectou. É o Deus da liberdade que tem um desígnio de amor: um projecto de realização e felicidade para o mundo e para cada homem e cada mulher. Mas um projecto que respeita a nossa liberdade e se constrói numa relação dialógica de um Deus que ama, chama e convoca para a missão e pacientemente espera a nossa resposta frágil e limitada. Por isso, somos colaboradores da construção da civilização do amor e protagonistas responsáveis da instauração do Reino de Deus no mundo. Não nos compete saber os tempos ou momentos que o Pai determinou com a Sua autoridade, mas acolher a Sua Palavra, seguir as Suas instruções, depositar Nele a nossa vida e as nossas esperanças e confiar que com Ele o caminho ganha um sentido absolutamente novo.

Desconhecer o futuro, aquilo que poderá acontecer no amanhã das nossas vidas, poderia ser angustiante pelo medo ou incerteza. Contudo, somos portadores da mais bela e boa notícia: «Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos». Jesus Ressuscitado, enviando os seus discípulos em missão, garante-lhes a Sua presença terna e amorosa. Diante das alegrias e conquistas, das dificuldades e vicissitudes que são próprias da existência humana e da missão que nos é confiada, levamos connosco a mais bela certeza: Ele está connosco, Ele caminha connosco, Ele precede-nos, acompanha-nos e aponta-nos o caminho. Prefiro desconhecer o futuro e a sucessão dos acontecimentos da história que estão para vir e poder contar com a presença amorosa do Pai, que em Jesus Cristo e na força do Espírito Santo se faz presente na minha vida.

Jesus sobe ao Céu mas não nos abandona. Por isso, fazemos festa e celebramos a Ascensão do Senhor. Não é a festa da partida de Jesus, mas a celebração de uma presença absolutamente nova na força do Espírito Santo que Ele tinha prometido aos seus discípulos. Se percorrendo os caminhos da Judeia e da Galileia Jesus se encontrou com tantos homens e mulheres e a todos anunciou o amor do Pai, agora, ressuscitado e na força do Espírito Santo sobe ao Céu e está connosco em qualquer tempo e lugar renovando no nosso coração a certeza de que fomos sonhados e pensados para o Reino de Deus, para a vida nova e eterna que só Ele nos pode oferecer.

Mas a Sua obra de amor tem de continuar: «Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo». Jesus conta connosco para que o Reino de Deus se continue a fazer presente no mundo. Somos os braços que devem continuar a abraçar e a consolar, os lábios que devem continuar a anunciar a Boa Nova da paz e da esperança, as vidas que devem fazer ecoar no tempo e na história as maravilhas do amor de Deus. A Ascensão do Senhor não nos pode deixar imóveis e de olhar fito no Céu, mas envia-nos em missão e faz de nós discípulos missionários, suas «testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria, e até aos confins da terra».

 

 

Homiliário patrístico

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo (Séc. V)

Hoje, Nosso Senhor Jesus Cristo subiu ao Céu; suba também com Ele o nosso coração. E assim como Ele subiu ao Céu sem Se afastar de nós, também nós subimos com Ele, embora não se tenha realizado ainda no nosso corpo o que nos está prometido. Ele já foi elevado ao mais alto dos Céus; e, contudo, continua a sofrer na terra através das tribulações que nós experimentamos como seus membros. Disso deu testemunho quando Se fez ouvir lá do Céu, dizendo: Saulo, Saulo, porque Me persegues? E noutra ocasião: Tive fome e destes-Me de comer. Porque não havemos também nós, enquanto trabalhamos ainda sobre a terra, de descansar já com Cristo no Céu, por meio da fé, esperança e caridade, que nos unem ao nosso Salvador? Cristo está no Céu, mas está também connosco; e nós, permanecendo na terra, estamos também com Ele. Ele está connosco pela sua divindade, pelo seu poder, pelo seu amor; nós, embora não possamos realizar isso pela divindade, como Ele, podemos realizá-lo ao menos pelo amor para com Ele.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. No dia 24 de Maio, Domingo da Ascensão do Senhor, a Igreja celebra o 54.º Dia Mundial das Comunicações sociais. Para este ano, o Papa Francisco escreveu uma mensagem intitulada: «“Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2). A vida faz-se história». O Santo Padre dedica a mensagem deste ano ao tema da narração e exorta à necessidade de respirar a verdade das histórias boas: «histórias que edifiquem e não as que destruam; histórias que ajudem a reencontrar as raízes e a força para prosseguirmos juntos». Que esta data seja um convite à oração pelos jornalistas e todos os profissionais da comunicação e para tomarmos consciência da responsabilidade de todos na colaboração com a imprensa de inspiração cristã.

 

  1. Para os leitores: na primeira leitura, além das frases longas com diversas orações deve ter-se um especial cuidado na proclamação das frases em discurso directo que se encontram entre aspas. Estas frases para que sejam bem lidas devem ser bem preparadas com as respectivas pausas e respirações e sobretudo numa especial atenção às frases interrogativas. A segunda leitura, tal como a primeira, possui longas frases com diversas orações que requerem uma acurada preparação para uma clara e articulada proclamação do texto.

 

 

Sugestões de cânticos

Entrada: Aclamai Jesus Cristo – F. Silva (CN 174); Salmo Responsorial: Ergue-se Deus, o Senhor (Sl 46) – M. Luís (CN 408); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Ide e ensinai todos os povos – C. Silva (CN 47); Ofertório: Reinos da terra, cantai a Deus – F. Silva (CN 858); Comunhão: Eu estou sempre convosco – C. Silva (CN 438); Pós-Comunhão: Louvai, louvai o Senhor – F. Silva (CN 593); Final: Ide por todo o mundo – M. Luís (CN 537).