
17 de Maio de 2020
Indicação das leituras
Leitura dos Actos dos Apóstolos Actos 8,5-8.14-17
«As multidões aderiam unanimemente às palavras de Filipe, ao ouvi-las e ao ver os milagres que fazia».
Salmo Responsorial Salmo 65 (66)
A terra inteira aclame o Senhor.
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro 1 Pedro 3,15-18
«Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da vossa esperança».
Aclamação ao Evangelho Jo 14,23
Aleluia.
Se alguém Me ama, guardará a minha palavra.
Meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Jo 14,15-21
«Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos».
«E quem Me ama será amado por meu Pai, e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele».
Viver a Palavra
Aquele que encontra em Jesus Cristo a fonte de sentido para a sua vida é chamado, em cada tempo e em cada lugar, a dar testemunho alegre e generoso da sua fé. Como afirma o Papa Francisco na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: «não é a mesma coisa ter conhecido Jesus ou não O conhecer, não é a mesma coisa caminhar com Ele ou caminhar tacteando, não é a mesma coisa poder escutá-Lo ou ignorar a sua Palavra, não é a mesma coisa poder contemplá-Lo, adorá-Lo, descansar n’Ele ou não o poder fazer. Não é a mesma coisa procurar construir o mundo com o seu Evangelho em vez de o fazer unicamente com a própria razão. Sabemos bem que a vida com Jesus se torna muito mais plena e, com Ele, é mais fácil encontrar o sentido para cada coisa» (EG 266).
Deste modo, vivendo o Tempo Pascal em que celebramos e saboreamos a presença ressuscitada e ressuscitadora de Jesus Cristo, somos chamados a ser portadores da esperança e anunciadores do evangelho da alegria tal como nos desafia S. Pedro: «venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da vossa esperança». Como seria belo se cada cristão pudesse ser no seu campo de acção e para aqueles com quem se cruza na estrada da vida um sinal de esperança e um apelo a encontrar um sentido novo mesmo diante dos desafios mais sombrios e exigentes como é a pandemia que estamos a viver.
Os cristãos são chamados a ser narradores da esperança e não apenas para com os outros homens e mulheres. Ainda antes de o ser em relação aos outros homens e mulheres, a esperança é responsabilidade dos cristãos em relação a Deus como resposta Àquele que nos chamou à fé e à esperança (cf. Ef 1,18). Assim, a esperança como responsabilidade cristã situa-se entre o chamamento de Deus e a demanda dos homens. É uma responsabilidade única e dupla ao mesmo tempo, tal como o mandamento de amar a Deus e ao próximo é único e duplo concomitantemente.
Além disso, esta esperança não é uma esperança desencarnada como mero optimismo utópico ou uma projecção dos nossos sonhos ou desejos mais íntimos. A nossa esperança tem um rosto: Jesus Cristo, vivo e ressuscitado. Como S. Paulo podemos afirmar: «a esperança não nos engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5,5). Na força do Espírito prometido por Jesus Cristo e enviado pelo Pai como «paráclito», somos enviados como testemunhas da esperança, anunciando com a vida e nos gestos concretos de amor e misericórdia a esperança que recebemos do Pai.
«Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos».
Como é bom escutar a liberdade com que Jesus nos propõe o Seu projecto de amor: «se me amardes». Jesus não se impõe porque o amor é uma adesão livre. Fomos criados para a verdadeira liberdade e para a felicidade plena que só o amor de Jesus nos pode oferecer e garantir. Acolher o mandamento novo do amor significa abraçar a perene novidade que dá sentido à nossa vida: a comunhão com Jesus Cristo que o Espírito Santo realiza em nós. Na verdade, a novidade do mandamento do amor não reside no convite a amar a Deus e o próximo, pois bem sabemos que esse convite estava já presente nas páginas do Antigo Testamento. Além disso, esta novidade também não é apenas amar «como Jesus nos amou», porque deste modo o cristianismo seria apenas uma espécie de esforço moral extremo. A novidade do mandamento novo do amor está precisamente na dinâmica de comunhão que ele estabelece com Cristo e do viver Nele e para Ele: «se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai, e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele».
Homiliário patrístico
Do Tratado de Dídimo de Alexandria, sobre a Trindade (Séc. IV)
O Espírito Santo, que é Deus, juntamente com o Pai e o Filho, renova-nos no Baptismo, e do nosso estado de imperfeição nos reintegra na primitiva beleza, enchendo-nos com a sua graça, de maneira que já não possamos admitir em nós alguma coisa que não deva ser desejada. Além disso, livra-nos do pecado e da morte, e de terrenos que somos, isto é, feitos do pó da terra, torna-nos espirituais, participantes da glória divina, filhos e herdeiros de Deus Pai, conformes à imagem do Filho, seus co-herdeiros e irmãos, destinados a ser um dia glorificados e a reinar com Ele. Em vez da terra dá-nos de novo o Céu, abre-nos generosamente as portas do Paraíso, honra-nos mais que aos próprios Anjos; e com as águas divinas do Baptismo apaga as alterosas e inextinguíveis chamas do inferno. Os homens são concebidos duas vezes, uma corporalmente, outra pelo Espírito divino. Acerca de um e outro nascimento escreveram muito bem os autores sagrados. Referirei o nome e a doutrina de cada um. João diz: A quantos O receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, àqueles que acreditam no seu nome, que não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas de Deus.
Indicações litúrgico-pastorais
- De 10 a 17 de Setembro decorre a Semana da Vida, este ano com o tema: «A fragilidade humaniza a vida». Os diversos recursos preparados pela Comissão Episcopal Laicado e Família através do Departamento Nacional da Pastoral Familiar estão disponíveis na internet (leigos.pt). No contexto da pandemia que estamos a viver, o tema deste ano permite reflectirmos sobre a fragilidade da nossa vida e simultaneamente perceber como em contexto de fragilidade podemos descobrir as potencialidades e a força que brota da fé e da nossa comunhão e solidariedade. Mesmo na ausência de celebrações comunitárias e aglomerações de pessoas, procuremos viver esta semana e divulgar os seus diversos recursos. No dia 15 de Maio, Dia Internacional da Família, entre as 21:00 horas e as 21:30 horas, haverá vigília de oração que será difundida online. Aqueles que não possam participar pela internet podem estar unidos na oração louvando o Deus da Vida e rezando por todas as famílias.
- Para os leitores: a aparente facilidade na proclamação da primeira leitura não deve descurar a sua preparação com uma especial atenção ao seu tom narrativo e descritivo, bem como às pausas e respirações. Pede-se ainda especial cuidado na proclamação do verbo «pregar» que se deve ler «prégar». Na segunda leitura, deve ter-se em atenção o carácter exortativo do texto e, por isso, deve ter-se um especial cuidado nas formas verbais no imperativo.
Sugestões de cânticos
Entrada: Proclamai com alegria – J. Martins (CN 827); Salmo Responsorial: A terra inteira aclame o Senhor (Sl 65) – M. Luís (CN 159); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Se alguém me ama, guardará a minha Palavra – Az. Oliveira (CN 55); Ofertório: Permanecei em Mim – A. Cartageno (CN 809); Comunhão: Se cumprirdes os meus mandamentos – C. Silva (CN 899); Pós-Comunhão: Porque Ele está connosco – F. Santos (CN 814); Final: Cantai a Deus um cântico novo – T. Sousa (CN 270).