
10 de Maio de 2020
Indicação das leituras
Leitura dos Actos dos Apóstolos Actos 6,1-7
«Escolhei entre vós, irmãos, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para lhes confiarmos esse cargo».
Salmo Responsorial Salmo 32 (33)
Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia.
Leitura da Primeira Epístola de São Pedro 1 Pedro 2, 4-9
«Vós, porém, sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus, para anunciar os louvores».
Aclamação ao Evangelho Jo 14,6
Aleluia.
Eu sou o caminho, a verdade e a vida, diz o Senhor;
ninguém vai ao Pai senão por mim.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João Jo 14,1-12
«Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim».
«Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim.».
Viver a Palavra
A missão de anunciar o Evangelho e de o fazer presente no tempo e na história é tarefa permanente e primeira da Igreja e nunca deve ser descurada. Contudo, é urgente em cada tempo um acurado e aturado discernimento para que saibamos responder às exigências da pregação evangélica. Fixando o nosso olhar na comunidade nascente e de modo concreto na primeira leitura proposta para este Domingo, verificamos como o anúncio do evangelho não pode ignorar as reais necessidades dos homens e mulheres do nosso tempo.
Continuadora da obra redentora de Cristo no mundo, a Igreja tem a missão de proclamar o Evangelho que é o próprio Jesus Cristo. Contudo, deve fazê-lo num permanente exercício de kairologia, isto é, numa atenta leitura dos sinais dos tempos, que nos permite projectar uma acção pastoral como verdadeira resposta ao chamamento do Senhor para colaborar na Sua obra. A perene novidade que deve revestir a acção eclesial não decorre apenas da mutabilidade do tempo e das transformações da realidade humana, mas também da perene novidade de que se reveste o Evangelho que deve incarnar a história humana em cada tempo e em cada lugar. É esta relação dialéctica e assimétrica entre a Palavra revelada e a realidade que somos chamados a responder que deve presidir à acção evangelizadora da Igreja para que sejamos efectivamente «geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus, para anunciar os louvores d’Aquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável».
Assim encontramos a comunidade nascente apresentada pela narrativa dos Actos dos Apóstolos. Os Doze convocam a assembleia dos discípulos, renovam a certeza da primazia do anúncio da Palavra de Deus que não deve descurado, mas reforçam também a necessidade de responder às necessidades concretas dos mais pobres e, para isso, escolhem «sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para lhes confiar esse cargo». Reside aqui a verdadeira criatividade da Igreja que não é excentricidade mas fidelidade criativa ao Espírito Santo, discernindo comunitariamente o que é que o Senhor nos pede aqui e agora.
É certo que como Tomé perguntamos muitas vezes: «Senhor, não sabemos para onde vais: como podemos conhecer o caminho?». Mas esta deve ser precisamente a primeira pergunta. Invocar o Senhor para saber para onde Ele nos chama, descobrir aquilo que Ele nos pede e simultaneamente ter a ousadia do discernimento pessoal e comunitário, eclesial e articulado que nos permite responder com criatividade e autenticidade à missão evangelizadora da Igreja. Se esta missão é urgente e necessária em cada tempo, tanto mais nos tempos exigentes de pandemia que estamos a viver. Este tempo não é uma pausa ou um intervalo que esperamos que passe para que tudo volte à normalidade. É um tempo que reclama o exercício de um discernimento pastoral e evangélico que nos permita sinodalmente rasgar caminhos novos de evangelização que saibam habitar o horizonte antropológico do nosso tempo.
Esta é uma tarefa urgente e necessária, mas concomitantemente árdua e exigente que não nos atemoriza pois recordaremos sempre as palavras de Jesus: «não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. (…) Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim». Com Jesus e como Jesus, escutando a Sua Palavra, contemplando os seus gestos de amor e misericórdia e iluminados pela força do Espírito Santo, seremos capazes de anunciar a permanente novidade do Evangelho nos tempos sempre novos que vivemos.
Homiliário patrístico
Das Confissões de Santo Agostinho, bispo (Sec. V)
Eu procurava o caminho onde pudesse adquirir a força necessária para saborear a vossa presença; mas não o encontraria enquanto não me abraçasse ao Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, que está acima de todas as coisas, Deus bendito pelos séculos dos séculos, que me chamava e dizia: «Eu sou o caminho da verdade e a vida»; não o encontraria enquanto não tomasse aquele Alimento, que era demasiado forte para a minha fraqueza, mas que Se uniu à carne – porque o Verbo Se fez carne – a fim de que a vossa Sabedoria, pela qual criastes todas as coisas, Se tornasse o leite da nossa infância.
Tarde Vos amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Vós estáveis dentro de mim, mas eu estava fora, e fora de mim Vos procurava; com o meu espírito deformado, precipitava-me sobre as coisas formosas que criastes. Estáveis comigo e eu não estava convosco. Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria se não existisse em Vós. Chamastes, clamastes e rompestes a minha surdez. Brilhastes, resplandecestes e dissipastes a minha cegueira. Exalastes sobre mim o vosso perfume: aspirei-o profundamente, e agora suspiro por Vós. Saboreei-Vos, e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me e agora desejo ardentemente a vossa paz.
Indicações litúrgico-pastorais
- No passado dia 25 de Abril, o Papa Francisco dirigiu uma carta a todos os fiéis para o mês de Maio, exortando à oração do terço sozinhos ou em família. Esta carta está disponível no site do Vaticano. Além do convite à oração diária do terço neste mês especialmente dedicado a Nossa Senhora, o Santo Padre convida a unirem-se a ele, recitando no final do terço duas orações dirigidas a Maria. Estas orações são publicadas em anexo na referida carta. Contemplar o rosto misericordioso do Pai revelado em Jesus Cristo, no regaço terno e materno de Maria é o desafio que nos coloca o Papa Francisco para este mês mariano: «queridos irmãos e irmãs, a contemplação do rosto de Cristo, juntamente com o coração de Maria, nossa Mãe, tornar-nos-á ainda mais unidos como família espiritual e ajudar-nos-á a superar esta prova».
- Para os leitores: a primeira leitura exige uma acurada preparação sobretudo pelo conjunto de palavras de difícil pronunciação que não fazem parte do nosso vocabulário corrente. No verbo «pregar» pronunciar «prégar» porque se trata da evangelização e do anúncio e proclamação solene da Boa Nova e não do acto de fixar um prego. Além disso, deve ter-se em atenção os nomes dos sete homens escolhidos e a designação atribuída a Nicolau de «prosélito». A segunda leitura está marcada por um forte tom exortativo sublinhado pelo conjunto de verbos na forma imperativa. A leitura deste texto deve ter em atenção esta particularidade para uma mais eficaz proclamação do texto.
Sugestões de cânticos
Entrada: Cantai ao Senhor um cântico novo – F. Lapa (CN 272); Salmo Responsorial: Esperamos, Senhor, na vossa misericórdia (Sl 32) – M. Luís (CN 419); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida – M. Simões (CN 53); Ofertório: O templo de Deus é santo – C. Silva (CN 750); Comunhão: Senhor, vós sois o caminho – C. Silva (CN 921); Pós-Comunhão: Louvai o Senhor, louvai – J. Santos (CN 591); Final: Somos a Igreja de Cristo – M. Silva (CN 938).