
No domingo de Páscoa foi de grande impacto a bênção com o Santíssimo Sacramento que o bispo do Porto fez à cidade e à diocese, no tabuleiro superior da Ponte Luís I. Um momento para fazer aquilo que qualquer sacerdote ou bispo deve fazer: exercer a função de pontífice, fazendo pontes “entre o mundo do divino e o mundo do humano”, como recordou D. Manuel Linda aos jornalistas.
“Dirijo-me de uma forma especial aos velhinhos que vivem aterrados neste momento com a situação de um possível contágio” – disse o bispo do Porto assinalando que este gesto foi precisamente para dizer às pessoas que, não obstante a pandemia que obrigou a fechar as igrejas, há quem “continue a rezar”.
“Mesmo com as igrejas fechadas não deixa de haver uma fortíssima intervenção junto de Deus para que nos livre deste flagelo” – referiu D. Manuel Linda no seu breve encontro com os jornalistas.
Na sua oração silenciosa a Jesus Ressuscitado durante a bênção, o bispo do Porto apresentou cinco intenções: “que deposite esperança em corações tão aflitos; que dê muita força aos profissionais da saúde, da segurança, aos profissionais dos centros sociais paroquiais, misericórdias e outras instituições congéneres lidam com gente aflita, às vezes até com gente doente; que aqueles que foram atingidos pelo vírus recuperem; que a nossa sociedade brevemente possa voltar a ter aquele convívio que é tão bonito numa sociedade harmoniosa, na paz, no turismo, na diversão, na oração, quando as igrejas abrirem; e finalmente que aqueles que já morreram vítimas do vírus sejam recebidos na glória da eternidade”.
Na homilia da Missa de Domingo de Páscoa que precedeu a bênção à cidade e à diocese, D. Manuel Linda, na sua homilia, afirmou três dimensões da Páscoa: triunfo da vida, tomada de consciência de uma presença e penhor de esperança. Foram estas as suas palavras:
“1. A Páscoa é o triunfo da vida. Os inimigos de Cristo mandaram-n’O matar e quiseram-n’O morto para sempre. Pensaram que, com o peso de uma pedra e umas sentinelas no túmulo, isso se resolvia. Enganaram-se redondamente. Ontem como hoje, ninguém pode calar a força da ressurreição. Mesmo que se assassinem barbaramente os cristãos, como acontece um pouco por toda a terra, ou que, no dito «primeiro mundo», a inteligência «bem-pensante» teime em ridicularizar o dado da fé, numa chacota arrogante. Sim, as forças da morte nada podem perante a ressurreição.
2. Páscoa é a tomada de consciência de uma presença. Presença misteriosa e muda, sem dúvida. Mas real, pois, como garante S. Paulo, na segunda leitura, “a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3, 3). Deus está em nós e nós estamos em Deus. Não é apenas uma presença que caminha ao nosso lado, mas fora de nós. Não: interliga-se com o nosso próprio ser. Para a pessoa religiosa, é o máximo a que se pode aspirar.
3. Páscoa é o penhor da esperança. É a afirmação solene que nada nem ninguém pode destruir a vida que nos é garantida pelo Eterno. Os cansaços, os sofrimentos, a dor e o medo da morte biológica não passam de episódios fugazes, sombras passageiras que serão desfeitas na plena luz de Cristo. O mundo não caminha à deriva, já que, pela claridade da ressurreição, a sua meta é o “reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz”.”
Concluiu a sua homilia dizendo que “o ressuscitado” é “uma esperança que não engana”.
RS