
Por Secretariado Diocesano da Liturgia
O Departamento de Liturgia do Patriarcado de Lisboa – organismo equivalente ao nosso SDL, ofereceu algumas sugestões muito oportunas para que as famílias possam participar, o mais efetivamente possível, nas celebrações da Semana Santa e Tríduo Pascal que acompanham através da rádio, da televisão ou dos novos meios de difusão telemática. De facto, é importante que não se coloquem na posição de espectadores de um show ou de consumidores de «ofertas digitais». O objetivo, para os crentes, há de ser o de celebrar o Mistério Pascal. E, já que o não podem fazer presencialmente, frequentando a sua Igreja, fazem-nos da forma que lhes é possível, sem sair dos seus domicílios.
Em primeiro lugar, convém preparar o lugar, compor o espaço onde a família se situa e onde quer entrar em comunhão espiritual/real (= participar) com o mistério celebrado. Já o Catecismo da Igreja Católica recomenda que tenhamos habitualmente preparado em nossos casas o «recanto da oração»: uma mesa ou uma cómoda com uma toalha, uma vela, uma cruz, alguma imagem sagrada, nomeadamente da Virgem Santa Maria, modelo da Igreja orante, que reza connosco e a quem invocamos como intercessora…
Mas não basta preparar o lugar: deve preparar-se também a pessoa: tal e qual quando se vai à Igreja e se procura chegar uns 10 minutos antes para sossegar, fazer silêncio, recolher as próprias faculdades (inteligência, memória, afetos…) habitualmente tão dispersas, serenar da lufa-lufa do dia-a-dia, pacificar-se, predispor-se a acolher a Palavra de Deus e o Mistério que «hoje» acontece pela mediação dos ritos e preces da Igreja. O Departamento concretiza num breve exame que todos deveriam fazer, antes de começar a emissão: «O que é que eu agradeço ou o que é que eu ofereço nesta celebração? O que é que eu vou colocar no altar para oferecer a Deus? Quais as intenções de cada um, ou da família, que oferecemos a Deus neste momento que iremos celebrar desta forma excecional?”».
Durante a celebração, deveriam manter-se em casa os mesmos gestos, atitudes e palavras com que se toma parte na celebração quando se vai à Igreja: sentar-se, estar de pé, ajoelhar-se… Naturalmente tendo em conta e respeitando as limitações físicas de cada pessoa que Deus bem conhece. Mas nunca recostado na poltrona como se se tratasse de seguir um espetáculo.
O silêncio, que os documentos da Igreja reafirmam como parte integrante da ação litúrgica, também não pode faltar em casa. Supõe-se que toda a família esteja sintonizada; quando assim não é, a busca do silêncio exigirá mais esforço mas nem por isso se deve desistir desse esforço. Porque o silêncio – ao menos interior –é a atmosfera do Espírito. E precisamos dele para interiorizar a Palavra de Deus e para, no momento próprio – após a Comunhão sacramental de quem preside à celebração teletransmitida – fazer a comunhão espiritual. Esta pode exprimir-se por meio de uma oração escolhida por cada pessoa e/ou família ou com alguma prece eventualmente sugerida por quem preside à liturgia eucarística. A propósito, recordamos que as antífonas de comunhão, sugeridas pelo Missal e, frequentemente, sintonizadas com o Evangelho do domingo podem ser uma ajuda valiosa para esta Comunhão espiritual. O mesmo se diga de muitas das Orações depois da Comunhão da Missa.
O Departamento de Liturgia do Patriarcado sugere ainda um breve momento de oração individual e de partilha familiar logo a seguir ao termo da emissão, favorecendo a reflexão sobre «o que a Palavra de Deus suscitou no coração de cada um» e, acrescentamos, o assumir de algum propósito, pessoal e/ou familiar.
São dadas ainda algumas sugestões sobre como preparar o «recanto da oração» nos diferentes dias do Tríduo. Em Sexta-Feira Santa a celebração deverá começar de joelhos e em silêncio. Para adoração da Cruz sugere-se uma genuflexão diante do Crucifixo. No intimidade familiar, não havendo casos sintomáticos, poderia pensar também al algum gesto mais afetivo e “compreensível” para as crianças, como o beijo. No Domingo de Páscoa o grande símbolo a valorizar é o da luz, com uma vela, de dimensão razoável, a dominar o recanto da oração. Mas também poderíamos acrescentar a água (não necessariamente “benta”), começando a celebração com o sinal da cruz feito com os dedos humedecidos nessa água limpa, memória do Batismo.
Obviamente, todas estas indicações são gerais e cada família terá de as adaptar «à sua medida».