Faleceu Mécia de Sena, viúva de Jorge de Sena (1919-1978)

Foi anunciado no sábado 28 de março de 2020 o falecimento, aos 100 anos, completados em 16 de março deste ano, de Mécia de Sena (1920-2020), em Santa Bárbara na Califórnia, onde continuou a residir após a morte do marido, que ali foi Professor Catedrático.

O papel mais importante da sua vida, para além da sua missão de professora e de mãe, foi a de ser a principal cuidadora e divulgadora da obra de Jorge de Sena, que sem o seu trabalho e empenhamento não teria encontrado a divulgação e relevância que se lhe reconhece na cultura portuguesa do século XX, como poeta, romancista, crítico literário e cultural.

Natural de Leça da Palmeira, Mécia era irmã de outra figura notável da nossa cultura literária e linguística, Óscar Lopes (1917-2013). Era formada em Ciências Histórico-Filosóficas e possuía o curso do Conservatório de Música do Porto, já que o seu pai, Armando Leça, foi um notável musicólogo.

Entre os escritos que deixou figuram numerosas cartas e relatos de Diário que dão conhecimento dos temas e dramas vividos pelo marido e das suas relações com outros escritores, artistas e pensadores.

Após a morte de Jorge de Sena (1919-1978), assumiu a tarefa de organizar o espólio do marido, “uma obra imensa” como ela própria afirmou, nomeadamente os textos da sua correspondência com outras figuras, como Sophia de Mello Breyner Andresen, José Régio, Vergílio Ferreira, ou Eduardo Lourenço.

Deixa, portanto, uma obra fundamental para o conhecimento da Literatura e da Cultura Portuguesa. É-lhe devida esse reconhecimento.

CF