Covid-19: D. Manuel Linda convida à celebração da Páscoa unidos na fé, na caridade e na esperança

Em nota pastoral sobre a Semana Santa e a Páscoa, D. Manuel Linda lembra a importância da Igreja doméstica neste momento especial de pandemia que obriga os cristãos a estarem em casa

O bispo do Porto, D. Manuel Linda, fez publicar na passada sexta-feira, dia 3 de abril, uma nota pastoral “ao Povo de Deus da Diocese do Porto para a celebração da Semana Santa e Páscoa”. “Ele ressuscitou e vive ao nosso lado” – é o título do documento.

Devido à situação de estado de emergência que vive o país, em plena pandemia do coronavírus, que obriga a ter a as igrejas fechadas sem a reunião da assembleia dos fiéis, o bispo do Porto publicou uma nota que reafirma a necessidade de “confinar o vírus e evitar mais contágios e sofrimentos”.

Uma Igreja doméstica

D. Manuel Linda começa por sublinhar a importância da “Igreja doméstica”, desde logo “ao longo dos três primeiros séculos” da história da Igreja e no presente como sendo a família “a primeira célula da grande Igreja”.

“O confinamento a que somos obrigados favorece a redescoberta desta dimensão doméstica da Igreja. Evidentemente, sem cortar com a Paróquia e a Diocese” – escreve o bispo do Porto afirmando que o desejo de que “todas as famílias cristãs da nossa Diocese sintam que são verdadeiramente Igreja”.

Uma Igreja reunida

Ser “uma igreja reunida” é o segundo aspeto referido por D. Manuel Linda na sua nota pastoral salientando a necessidade da celebração em família. E explica as celebrações da Semana Santa:

“No Domingo de Ramos, fazemos memória da entrada de Jesus em Jerusalém e do início dos acontecimentos centrais da nossa fé. Nesse dia, costuma-se ler o longo relato da Paixão. Recomendo-o, pausadamente e com comentários, particularmente às crianças. Na quinta feira, de tarde, rememoramos a Última Ceia, a instituição da Eucaristia e do sacerdócio e o mandamento do amor fraterno, exemplificado no gesto do lava-pés. À noite, pensamos na prisão de Jesus e início do seu julgamento. Na sexta, tomamos parte no que sucedeu de dramático nesse dia, em Jerusalém: o Senhor é injustamente condenado à morte, crucificado no calvário e deposto no túmulo. O Sábado é um dia de introspeção e silêncio: o Senhor, verdadeiro Homem, aniquilou-Se até à morte. Por nosso amor. À noite, iniciamos a solene Vigília pascal: preparamo-nos, espiritualmente, para o festivo anúncio da ressurreição percorrendo os principais momentos da nossa história da salvação. E a Vigília conduz para o Domingo de Páscoa, o “primeiro dia da Semana” que ficaria para sempre consagrado ao Senhor – o “Dia do Senhor” – porque «tocamos» com os sinais da ressurreição: os testemunhos dos que viram e ouviram” – escreve D. Manuel Linda.

O bispo do Porto convida as famílias e todos os que estão em casa a acompanharem as celebrações da Semana Santa do seu pároco se estiver disponível on line ou então as do bispo através da página de facebook da diocese do Porto: https://www.facebook.com/Diocesedoporto. “Eu próprio celebrarei na quinta (17h30), sexta (15h00), Sábado (21h30) e Domingo (11h00)” – recorda D. Manuel.

Uma Igreja unida

“Uma Igreja unida” nesta Páscoa é o que pede o bispo do Porto propondo mesmo a utilização de sinais exteriores dessa união, tais como, “enfeitar a mesa na ceia de quinta-feira; colocar uma cruz com um pano roxo, na varanda ou na sala, na sexta e no sábado; substituir esse pano por uma ornamentação de flores no Domingo de Páscoa”. Lembra também a possibilidade do toque dos “sinos das igrejas” em forma de “sintonia espiritual”.

Uma Igreja santificada

Entretanto, na impossibilidade de cada um dos fiéis poder “receber a comunhão sacramental”, D. Manuel Linda propõe “o que se costuma designar por comunhão espiritual”. Ou seja, “uma oração na qual se exprime a vontade de receber o Corpo do Senhor”.

Uma Igreja caritativa

Na sua nota pastoral neste tempo de Páscoa, o bispo do Porto assinala a necessidade do “contributo de todos” para que o a sociedade funcione neste momento tão difícil. “Que os cristãos estejam sempre na linha da frente da preocupação pelos outros” – sublinha.

Recorda a renúncia desta Quaresma que deverá ser entregue na paróquia que, por sua vez, fara chegar à diocese. Pede ainda para os fiéis para não se esquecerem “da sua contribuição económica para o sustento das pessoas e das estruturas paroquiais”.

Uma Igreja de esperança

No último ponto da sua nota ao Povo da diocese do Porto, D. Manuel Linda salienta a virtude teologal da esperança. Afirma que “o cristão é pessoa de esperança, pois sabe que não estamos sós e abandonados”. O bispo do Porto une-se ao Papa Francisco e cita o Santo Padre na “Oração pela Humanidade” de sexta-feira, 27 de março:

“No meio deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afetos e encontros e experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da sua cruz, o Senhor desafia-nos a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a reforçar, reconhecer e incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a mecha que ainda fumega (cf. Is 42, 3), que nunca adoece, e deixemos que se reacenda a esperança.”

RS