
Por João Alves Dias
Faleceu o meu amigo Guilherme Magalhães, um apaixonado pelo Papa Francisco e benemérito de várias instituições de Caridade. Grande divulgador da VP em Terras de Basto, era a ele que me referia quando escrevi: “Mesmo não vivendo na nossa diocese, inscreveste-te na Voz Portucalense e angariaste vários assinantes. Todos os anos, envias a sua lista com o pagamento. Por isso, no último «Dia Voz Portucalense», foste agraciado com o «Diploma Reconhecimento». Foste sempre um «fazedor de pontes» (VP, 7/6/2017) ”.
As perturbações físicas e emocionais culminaram numa crise que levou ao seu internamento no hospital de Guimarães. Como causa explicativa do seu estado, as análises detetaram carências de sódio, devidas à desidratação. Foi o início do fim.
Sabia que os impulsos homeostáticos – uma espécie de «luz-piloto» que «acende» em caso de necessidades orgânicas, como a fome e a sede – perdem intensidade e chegam a desaparecer, com o envelhecimento. Mas a leitura do texto de Arnaldo Lichtenstein, médico e professor, sobre a «confusão mental no idoso», ajudou-me a compreender o que se passou com o meu velho amigo.
Diz esse professor na Universidade de São Paulo:
“Sempre que dou aula de clínica médica, lanço a pergunta: – Quais as causas que fazem os avós terem confusão mental? Alguns arriscam: “Tumor na cabeça”. Outros: “Doença de Alzheimer”. A cada negativa minha, a turma espanta-se… E fica ainda mais boquiaberta quando enumero os três responsáveis mais comuns:- diabetes descontrolado; – infeção urinária; – a família passou um dia inteiro nas compras, enquanto os idosos ficaram em casa”.
Depois explica: “Parece brincadeira, mas não é. Constantemente o avô e a avó, sem sentir sede, deixam de beber líquidos. Quando não há gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez. A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo. Pode causar confusão mental abrupta, queda de pressão arterial, taquicardia, angina de peito, coma e até morte.
E insiste: “A partir dos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água no corpo. Isso faz parte do processo natural de envelhecimento. Portanto, os idosos têm menor reserva hídrica.
Mas, mesmo desidratados, não sentem vontade de beber água, pois os seus mecanismos de equilíbrio interno não funcionam muito bem.
Mesmo que o idoso seja saudável, fica prejudicado o desempenho das reações químicas e funções de todo o seu organismo”.
Neste momento em que os idosos ficam mais isolados, termino com dois apelos
1 – A quem, como a mim, os anos já vão pesando – Bebam água, chá, leite, sumos, mesmo quando não apetece. É um remédio. E um remédio não se toma por apetite mas por necessidade.
2 – Aos filhos e não só – Lembrem-lhes. Estejam atentos. Se começarem a rejeitar os líquidos e, repentinamente, “ficarem confusos, irritadiços, aéreos, com falta de atenção”, aconselha-se a consultar um médico.