Covid-19: solidariedade na emergência

Por Lino Maia

Vivemos tempos de emergência nunca antes experimentados no mundo moderno, uma realidade de contornos indefinidos e de enorme incerteza, que nos confronta com a nossa aparente impotência, os nossos limites e fragilidades, isto é, uma realidade para a qual não existem respostas definitivas e eficazes e cuja duração e consequências são ainda imprevisíveis.

Uma emergência sanitária que, certamente, vai gerar uma nova emergência económica e social de enorme incerteza e de contornos imprevisíveis, mas que já exige o melhor de cada um de Todos nós. O melhor das nossas Famílias, do Estado, das Autarquias, das Autoridades civis e militares, dos Serviços de saúde, das Empresas, dos Trabalhadores, das IPSS e outros Atores e Funcionários que são chamados diariamente a dar o melhor do seu conhecimento, da sua experiência e da sua dedicação, expondo-se e arriscando a própria saúde.

O inimigo é invisível e enorme é a sua capacidade de penetração, sobretudo nos mais frágeis.. Será necessário o esforço de todos e de cada um no cumprimento daquilo que lhes é exigido para contribuir positivamente para Todos vencermos esta guerra e não nos deixarmos isolar nos nossos problemas pessoais. Todos somos chamados a resistir, a colaborar uns com os outros para ultrapassar esta pandemia que nos trouxe um ‘novo normal’ nas nossas vidas, que esperamos temporário. Não podemos deixar de acreditar que podemos voltar ao ‘antigo normal’ que coletivamente construímos e de que queremos voltar a usufruir. Certamente com algumas diferenças, mas pelo qual vale a pena lutarmos todos, cada um executando o seu papel conforme determinado pelos governantes responsáveis e pela Igreja que faz dos humanos o seu caminho.

A tradição de solidariedade e de apoio aos que mais necessitam na sociedade portuguesa encontra expressão bem concreta nas Instituições de Solidariedade Social que, por si só, ou em estreita cooperação com o Estado, saem a terreno para ajudar e apoiar as pessoas; quer quotidianamente, quer, muito em especial, em momentos difíceis para Portugal e para os Portugueses.

A presente pandemia que motivou a Declaração do Estado de Emergência pelo Senhor Presidente da República com parecer favorável do Governo e da Assembleia da República corresponde a um desses momentos. Porventura um dos momentos mais difíceis que os portugueses tiveram que enfrentar ao longo da sua História.

Assim e perante uma situação tão difícil, as Instituições de Solidariedade estão presentes no terreno para tranquilizar, proteger, ajudar e cuidar de todos e de cada um, mesmo que a situação exija que vão muito para além das suas possibilidades.

Todas as Instituições de Solidariedade. Também, reconhecidamente, as 1.672 Instituições da Igreja, com os seus Centros Sociais Paroquiais (1.043 – 135 dos quais na Diocese do Porto), as Misericórdias (398 – com 27 na Diocese portucalense) e outros Institutos também da Igreja (231 – 27 dos quais nesta mesma Diocese). São a tal “estalagem” (Lc 10, 25-37) ao serviço da comunidade com os seus hospitais, os seus lares, as suas unidades de cuidados continuados, o seu apoio domiciliário e muitos outros serviços, continuando a apoiar “nas estalagens” e nas próprias casas, quer os que já apoiavam, quer aqueles que a evolução da doença o venha recomendar. Sempre com preocupação, mas com a tranquila responsabilidade de que, mais do que cumprir um dever, estão a servir as pessoas que precisam, particularmente os mais frágeis e, entre esses, a população mais idosa.

Os tempos de emergência valorizam a importância desta rede de solidariedade e caridade. Com as igrejas encerradas, é nessas “estalagens” que se presta culto a Deus com o incenso do apoio e do serviço àqueles que Deus ama…