
Para os membros das comunidades cristãs, especialmente das paróquias, a impossibilidade de celebrações comunitárias constitui um dos dramas maiores. A sensação de ausência das pessoas e da oração comum, o sentido diminuído de qualquer celebração não comunitária, a dor da perda e da falta de partilha não é integralmente substituída por outras formas de oração e participação, como a televisão, ou a rádio, ou as redes sociais.
Várias comunidades da vigararia do Porto, nascente e poente, procuraram obviar a esta falha. O testemunho do Cónego Fernando Milheiro, nas suas três paróquias de Campanhã, Azevedo e Senhora do Calvário fala da tristeza da ausência das pessoas nas celebração e também na celebração dos funerais, numerosos naquela zona, reduzidos nem sequer à partilha da dor dos familiares, em que se sente a ausência da expressão da solidariedade e do abraço dos amigos, que nessas circunstâncias tantas vezes aproxima e reconcilia as pessoas. Informa também que os catequistas criaram um grupo do facebook sugerindo por exemplo rezar o pai nosso enquanto lavam as mãos, mantendo o pedido vivo da oração e da unidade na fé cristã e enviando sugestões aos pais por este meio.
Para obviar à mínima afluência exigida pelo recolhimento domiciliário e pelo afastamento das pessoas, várias paróquias procuraram a transmissão direta também pelo pelo facebook, com a vantagem de continuar disponível naquela rede. Apesar do caráter artesanal, é melhor que pela rádio ou televisão, visto ser expressamente dirigida aos membros da comunidade.
As mensagens enviadas pelos catequistas aos seus alunos e pais constituíram também uma forma de presença Por exemplo, a experiência da paróquia da Senhora do Porto, a celebração, contando com a colaboração de apenas cinco pessoas, foi anunciada e seguida por muitas outras, apesar da captação de som se ressentir do espaço vazio. Sentiu-se o sentido do reconhecimento e da presença. Houve quem enviasse um vídeo oportuno, a partir do filme “Jesus de Nazaré”, com a passagem do evangelho do dia, o da cura do cego de nascença, bem como da mensagem e dos sinais da caminhada diocesana para este domingo: o tema Reconhecer e a luz batismal.
Processos similares se repetiram em outras comunidades. Oportuna também a reflexão sobre a pergunta do evangelho: quem foi que pecou, ele os seus pais. E a resposta oportuna de Jesus: Isto não tem nada que ver com os pecados, mas é ocasião para se revelarem as obras de Deus.
O mesmo deve suceder nestes nossos tempos: não busquemos culpados, procuremos entes encontrara oportunas soluções. Quais serão elas? Os poderes públicos e a capacidade de discernimento das populações devem encontrá-los, com a colaboração de todos.
CF