Centro Social da Sé

Na meia encosta entre o rio Douro e o Paço episcopal, quando no dia 8 de Dezembro de 1940 se abriam as portas do velho mas renovado Recolhimento do Ferro, o Centro Social da Sé iniciava a sua atividade como obra paroquial de assistência.

Por Lino Maia

No dia imediato começaram as inscrições no seu Patronato, sendo registadas 75 meninas no respetivo Livro de Admissões. Entretanto, o Centro já integrara a Sopa dos Pobres, instituição fundada pelo saudoso e benemérito D. António Augusto Castro Meireles, sopa que, mesmo durante as obras, nunca deixara de ser distribuída. Estando a funcionar o Educandado, inevitavelmente foi sentida a necessidade de implementar os Serviços do Dispensário. Sempre em função de se fazer mais e melhor, das  três obras emanou a Assistência Domiciliária, exercida sob direção superior, de harmonia com cada caso especial e por quem as circunstâncias indicavam como melhor elemento. O último sector do Centro Social viria a ser o Vestiário dos Pobres, uma central de roupas e calçado que os benfeitores do Centro ofereciam e que, segundo as necessidades, eram distribuídos por quem mais precisava.

Assim foi a génese do Centro Social da Sé  Catedral que, a título de exemplo, em 1943, no seu terceiro ano de atividade, para além de promover uma Colónia de Férias  em Mosteiró (Vila do Conde), da qual beneficiaram 43 meninas escolhidas em razão do seu comportamento e da respetiva prescrição médica, através do seu serviço de  Sopa dos Pobres,  distribuiu 118.740 litros de sopa e 11.780 quilos de pão, no seu Educandado Popular assinalou 41.247 presenças e forneceu 18.029  refeições às educandas, através do Vestiário dos Pobres  fez chegar 1.134 peças de roupa e 98 pares de calçado aos mais necessitados,  nos Serviços do Dispensário deu 803 consultas médicas, fez 1.140 tratamentos, promoveu 27 visitas médicas ao domicílio e aviou 618 receitas e, pela Assistência Domiciliária, registou 718 visitas e 278 inquéritos.

Hoje, bem dirigido por uma bela equipa diretiva comandada pelo Padre António Paulo Monteiro Pais, pároco “in solidum” da Sé, e desenvolvendo atividades nas áreas de Apoio à Infância, Terceira Idade, Comunidade e Família, o Centro Social da Sé Catedral tem diversos acordos de cooperação celebrados com a Segurança Social que, atualmente, se repartem pelas respostas sociais de Creche e Jardim de Infância, onde conta com 100 crianças, Apoio Domiciliário, com 64 utentes (12 dos quais atendidos através do Polo de Miragaia), Centro de Dia com 45, Lar com 12 e Centro Comunitário com uma média de 100 utentes. No Polo de Miragaia funciona ainda o Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental, disponível para apoiar 37 famílias.

O Centro dispõe ainda de uma Lavandaria Social, com alvará, que também está aberta ao público e de um serviço de refeições onde, enquadrada nas respetivas respostas sociais, se inclui a entrega de refeições ao domicílio diariamente e à noite durante a semana. Está ainda a ser proporcionado aos utentes do Centro de Dia com maiores dificuldades de locomoção, o serviço de transporte.

Num universo total que ultrapassa os 300 utentes e que emprega cerca de 60 colaboradores, o Centro desenvolve as suas atividades em condições logísticas complexas pela dispersão e localização dos quatro equipamentos em pleno Centro Histórico do Porto.

Ao longo da sua história, o Centro tem atravessado épocas de adversidade. Apesar do difícil contexto socioeconómico e da grande fragilidade em vários domínios da maioria dos agregados familiares e utentes que procuram os seus serviços, tem sabido integrar a sua diversidade quer étnica, quer cultural, quer social e/ou etária, e abrir-se a novos públicos.

Desde os seus alvores, o Centro Social da Sé Catedral é expressão viva de uma Igreja que sabe servir e sente dever estar com os mais pobres.