
Ao pensar, nesta quaresma, noutro tipo de economia, e não sendo propriamente admirador do Senador Robert Kennedy, veio-me à lembrança a sua candidatura à presidência dos Estados Unidos, em 1968, onde em palavras claras, na Universidade do Kansas, dizia, sobre o Produto Interno Bruto: “Não podemos medir o espírito nacional com base no índice Dow Jones, nem os sucessos nacionais com base no Produto Interno Bruto (…) que compreende a poluição do ar e a publicidade dos cigarros, e as ambulâncias para desimpedir as nossas autoestradas das carnificinas.
Por Joaquim Armindo
Inclui a destruição das sequoias e a morte do Lago Superior. Cresce com a produção de napalm, dos mísseis e das ogivas nucleares com equipamentos que a polícia usa para reprimir as revoltas em nossas cidades. E, embora não diminua devido aos danos que as revoltas provocam, aumenta quando se reconstroem os bairros pobres sobre as suas cinzas. É indiferente à decência de nossas fábricas e à segurança de nossas estradas. Não compreende a beleza de nossa poesia ou a solidez de nossos casamentos, a inteligência de nossas discussões ou a honestidade de nossos funcionários públicos (…) não mede a nossa compaixão, nem sabedoria(…) nem a nossa argúcia, nem a nossa coragem, nem a nossa sabedoria, nem o nosso conhecimento, nem a nossa compaixão, nem a devoção ao nosso país (…)mede tudo, exceto aquilo que torna a vida digna de ser vivida; e pode nos dizer tudo sobre a América, exceto se somos orgulhosos de ser americanos”.
Este pequeno naco de texto, datado de há tantos anos, faz lembrar, também, um pouco, o nosso Portugal. E tanto mais agora, quando começamos a ter consciência do sorvedouro que um banco tem sido para as nossas finanças, e já lá vão números astronómicos. Confesso que ainda não consegui compreender como é possível que o poço não tenha mais fundo, e, aliás, gostaria que alguém, sabedor, explicasse a mim e ao nosso povo, como podemos continuar a injetar dinheiro, num banco que foi vendido, e que ao contrário dos outros só tem prejuízos.
O que se passa afinal? Não será este o paradigma da economia que mata?