
D. Manuel Linda, em Carregosa, no Dia Mundial do Doente.
No dia em que a Igreja celebra Nossa Senhora de Lourdes e simultaneamente o Dia Mundial do Doente, D. Manuel Linda esteve na paróquia de Carregosa, onde presidiu à eucaristia de consagração dos ministros extraordinários da comunhão e dos visitadores. A celebração decorreu na capela de Nossa Senhora de Lourdes, mandada erigir nos finais do século XIX e início do século XX pelo Bispo de Coimbra, D. Manuel Correia de Bastos Pina, na sua quinta da Costeira.
Na homilia, o Bispo do Porto associou as aparições de Nossa Senhora de Lourdes a Bernardete, numa França “laica, republicana e perseguidora”, à confirmação do dogma da Imaculada Conceição proclamado quatro anos antes pelo Papa Pio IX. “Maria está do lado de Deus, enquanto nós colocamos muitas dúvidas”, referiu o prelado. D. Manuel Linda acrescentou que o homem encontra-se no meio “entre a santidade de Deus e a materialidade da terra” para, em liberdade, fazer a sua opção. “Quanta materialidade, quanto puxar para a terra, para cair no mais profundo e sem vontade de caminhar para o alto. Para que lado nos voltamos, para a santidade de Deus ou para a materialidade do mundo?”, perguntou. Depois de lembrar que Nossa Senhora é toda do lado de Deus, referiu que ao celebrarmos a sua festa aquela pergunta coloca-se-nos. “A opção do cristão só pode ser a de estar do lado do mistério de Deus”.
Numa segunda ideia, D. Manuel Linda salientou que, desde o princípio, Lourdes uniu-se aos milagres de cura. “Lourdes relaciona-se com os doentes que lá vão pedir a sua saúde e, por isso, muitos anos depois, a Igreja dedicou este dia a pensar nos doentes. Potencialmente todos somos doentes e neste dia podemos pensar no declínio tão inerente à condição humana”. Neste sentido, o prelado propôs que pensássemos “nos que sofrem dores do corpo e outras bem mais terríveis, a da solidão e a do abandono”.
Fez notar que Jesus curou muitos doentes, cegos, mudos, leprosos, mas também estava com as pessoas, escutava-as, dirigia-lhes palavras de conforto, enquanto a sociedade de hoje desculpa-se com a falta de tempo, “pelo que é terrível o que observamos, a solidão de pessoas, presas a uma cama e que passam um dia, oito, quinze, sem uma visita”. Neste sentido, D. Manuel Linda pediu: “Distingamo-nos pela proximidade, pela capacidade de tirar um bocadinho do nosso tempo para estarmos junto dessas pessoas, e que nós, os cristãos, nunca lhes neguemos a afectividade e o carinho”.
Já no final da celebração depois de os ministros extraordinários da comunhão e de os visitadores das três paróquias – Carregosa, Chave e Vila Cova de Perrinho – terem feito a sua consagração, foi-lhes entregue o opúsculo “Rezar a dor – Serviço missionário dos doentes. Antes de entregar umas lembranças ao senhor Bispo, o P. José Joaquim Ribeiro manifestou a alegria que sentia pela presença, pela primeira vez, de D. Manuel Linda na paróquia de Carregosa. “Para nós é motivo de enorme júbilo ter connosco aquele que preside à nossa Igreja do Porto. Sabemos que os tempos não são fáceis, por vezes até avessos àquilo em que acreditamos”, mas neste tempo em que “há dispersão, onde o individualismo vai imperando, estamos consigo cumprindo o desejo do Mestre «que todos sejam um em Ti, ó Pai, como nós somos um»”.
Esta manifestação de reforço do vínculo diocesano foi enaltecida pelo prelado. “Na Igreja nunca se vivem tempos fáceis. Este é um tempo que exige unidade dos cristãos, por isso, não gastemos as nossas energias a criticarmo-nos”, aconselhou. Ao mesmo tempo. D. Manuel enalteceu a existência dos visitadores na paróquia, uma necessidade muito sentida e que, infelizmente poucas têm.
(inf: António Costa)