O lugar dos acólitos na Paróquia

O que é uma paróquia? Dizia São João Paulo II que «a paróquia não é principalmente uma estrutura, um território, um edifício, mas é sobretudo “a família de Deus, como uma fraternidade animada pelo espírito de unidade “ (cf. LG 28), é “uma casa de família, fraterna e acolhedora”, (João Paulo II, Exort. Ap. Catechesi tradendae, 67: AAS 71 (1979), 1333) é a “comunidade de fiéis” ( C.I.C., can. 515, 41).

Por Secretariado Diocesano da Liturgia

Em definitivo, a Paróquia está fundada sobre uma realidade teológica, pois ela é uma comunidade eucarística. Isso significa que ela é uma comunidade idónea para celebrar a Eucaristia, na qual se situam a raiz viva do seu edificar-se e o vínculo sacramental do seu estar em plena comunhão com toda a Igreja» (Ex. Ap. Christifideles Laici, 30 dez 1988, n. 26). O Catecismo da Igreja Católica reteve esta quase definição teológica: ««A paróquia é a comunidade eucarística» (n. 2226).

Mais recentemente, também o Papa Francisco revalorizou a paróquia como «âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração» (Ex. Ap. Evangelii Gaudium, 24 nov. 2013, n. 28). Precisa, sempre, de se renovar de modo que «esteja realmente em contacto com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada». Mas «não é uma estrutura caduca» (ibid.)

Numa paróquia assim, em processo permanente de renovação, a Liturgia é o que é na Igreja globalmente compreendida: cume e fonte. Como reconheceu a Igreja no último Con­cílio, nenhuma outra ação da Igreja pode competir com as celebrações litúrgicas em dignidade e eficácia (cf. SC 7).

É aqui que se situam e compreendem os acólitos, como quaisquer outros fiéis que exerçam algum ministério, ofício, tarefa, função litúrgica… Como verdadeiros «liturgos», sujeitos que participam na ação celebrativa eclesial, obra por excelência do Liturgo Supremo que sempre associa a si a Igreja – a Liturgia nada mais é do que o seu sacerdócio em ato – o lugar dos acólitos é no coração da liturgia e, portanto, no coração da Igreja em geral e da paróquia em particular.

Isso é, de algum modo, significado no espaço que eles ocupam na igreja-edifício quando estão no desempenho do seu serviço litúrgico: no presbitério, bem perto ao altar e do sacerdote ministerial que preside à celebração. Entretanto, não podemos esquecer que a celebração litúrgica, nomeadamente a Eucaristia, sendo «cume» da vida da Igreja, tem um antes e um depois. E esses tempos que a precedem e prolongam projetam os acólitos para outros espaços.

Mesmo sem sair do âmbito cultual, aos acólitos – em articulação com outros servidores do Povo de Deus como, por exemplo, o sacristão – compete predispor nos lugares próprios (sacristia, credência…) tudo o que é requerido para a ação sagrada: alfaias, vestes, livros, as espécies, todas as coisas requeridas para a celebração, conforme o tempo e o dia. E, no final da ação litúrgica, repor tudo nos seus lugares. Há ainda que organizar, prever, distribuir tarefas pelos acólitos presentes, interagir com ostros ministérios, ofícios e funções.

Embora, no limite, a IGMR requeira o mínimo indispensável de um acólito para a celebração da Missa com o povo (IGMR 116), entretanto o cabal desempenho das funções que lhe estão cometidas pressupõe o concurso de outros: de um grupo de acólitos que distribuam entre si as várias tarefas (IGMR 187). O bom funcionamento destes grupos supõe a sua interação com outros grupos coetâneos na grande comunhão paroquial: pensemos nos grupos de catequese, movimentos infanto-juvenis e de adultos. Por isso, os grupos de acólitos, mais ou menos estruturados, com vários patamares de pertença e formação, devem ter côngrua representação nas equipas paroquiais de Liturgia e no Conselho de Pastoral paroquial. Sim: os acólitos são muito mais do que um grupo de fiéis que gosta de se salientar na comunidade “exibindo-se” com as suas túnicas em redor do altar.