Centro de Lordelo do Ouro

Com localização no ponto de contacto entre o Douro e o Atlântico, Lordelo do Ouro, na cidade do Porto, evoca o local onde imperavam estaleiros ribeirinhos de onde partiriam  barcos na época dos descobrimentos marítimos e faz recordar posteriores carregamentos de ouro vindos de África e Brasil para ali ser descarregados.

Mais recentemente, os movimentos sociais da última década de 70 viriam a escolher Lordelo do Ouro como local privilegiado para a expansão imobiliária e para a construção de bairros sociais, que, com a duplicação da sua população num curto período de tempo, transfigurariam para sempre a freguesia.

Dedicadamente orientada pelo seu pároco, o Padre Domingos Monteiro de Oliveira, a Paróquia, nomeadamente com os seus vicentinos, sempre esteve atenta às solicitações e às necessidades decorrentes de uma mobilidade forçada, dedicando especial atenção aos mais carenciados. Mas, para melhor responder às necessidades que se avolumavam, mantendo alguns serviços, sentiu dever acrescentar algum apoio social institucionalizado. Assim, com a finalidade de servir a pessoa humana e, por ela, o bem comum, concedendo bens, prestando serviços e apoiando iniciativas que assegurem o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas, famílias e comunidade, em 2001, foi erigido canonicamente pelo Bispo diocesano o Centro Social Paroquial de S. Martinho de Lordelo do Ouro. Sustentado na boa experiência pastoral, no seu âmbito de ação imediata estava o apoio e o serviço com cativação de voluntários e consubstanciação de dinamismos.

Um grande desígnio que, desde então, se vem alimentando é o da construção de um equipamento social de apoio à população mais idosa, com Lar (para 60 utentes), Centro de Dia (40) e Serviço de Apoio Domiciliário (50), concretização que tem vindo a ser adiada por falta do indispensável apoio público e por causa da morosidade do processo burocrático, nomeadamente com exigências de sucessivas escavações arqueológicas no terreno paroquial onde ele será erguido. O projeto está pronto – espera-se por um novo Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais.

Mas o  Centro está bem ativo e é o motor de todo um multifacetado serviço. Criou e  mobiliza um Grupo de apoio aos sem abrigo e  a toxicodependentes, em que,  desde 2014, com periodicidade semanal ou quinzenal, uma equipa de rua percorre alguns locais previamente referenciados, estando a apoiar um conjunto de cerca de 20 pessoas, chegando mesmo a garantir teto a uma pessoa.

Ainda no âmbito do Centro, no seguimento de um curso de formação orientado pela Caritas Diocesana, foi constituído um outro grupo de pessoas que está a visitar doentes e idosos nas suas próprias residências, prestando apoio e garantindo companhia.

Também no âmbito do Centro e com o apoio de voluntários e do Gas-Porto, são anualmente organizadas colónias de férias em Resende. Em três turnos de 25 cada, um conjunto de 75 crianças e adolescentes com dificuldades contacta com a natureza e com a população local, aprecia outros costumes e encontra condições de convívio, lúdicas e formativas que muito ajudam na construção de um melhor devir.

Tudo com voluntários e o envolvimento da comunidade, que de muitos modos mas também com a consignação de IRS, lá vai assumindo como sua a sorte de cada um e de todos os outros.

Num contexto socialmente carenciado, a Igreja em Lordelo do Ouro é a tal  “estalagem” (Lc 10, 29-37) onde se encontra misericórdia para uma vida com dignidade.