Uma reflexão e um debate irão surgir, em março próximo, sobre a “Economia de Francisco”, promovida pelo bispo de Roma, em Itália.
Por Joaquim Armindo
Tomando por base o modelo do diácono Francisco de Assis, que caminhos pode a economia trilhar, no sentido de um não à uma economia que mata. Bergoglio tem acentuado a sua análise numa incompatibilidade entre o modelo que todos vivemos, o liberalismo e o neoliberalismo, como passaporte para uma Ecologia Integral e o bem-viver dos seres humanos e demais seres vivos. De facto, o debate que existe é que este modelo não é Sustentável, porque virado para um “crescimento económico” e incapaz de obstruir à degradação ambiental e demográfica. A cultura do consumismo, do individualismo, do particular e a obstrução do desenvolvimento cultural é um fator preponderante neste modelo económico, baseado numa “democracia do mercado”. A questão está assim polarizada para se obter uma solução que pergunta se o modelo liberal ou neoliberal é ou não compatível com o Desenvolvimento Sustentável e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. E se será possível confluir o “valor económico” com o “valor ambiental”?
A preocupação dos defensores do sistema liberal e neoliberal tem sido evitar a saída do capitalismo, oferecendo um capitalismo eco-responsável, como por exemplo no que se refere à “economia circular”, isto é, os recursos utilizados serem reutilizados, como se diz “berço-ao-berço”, retirando a carga do “berço-ao-túmulo”. Resolvia-se em parte a chamada “gestão dos ativos”, que não se preocupa com o destino dos resíduos produzidos. Diríamos que estamos perante uma cedência do capitalismo a favor do ambiente e que torna mais rentável o próprio modelo capitalista, como se verifica em vários países como a Alemanha, Japão ou China. O teólogo Leonardo Boff adverte que isso será uma sustentabilidade retórica, para tentar impressionar os defensores da Casa Comum, porque não respeita a integridade da Criação e a dignidade dos seres humanos.
Não será, pois, uma “Economia de Francisco” a defesa do modelo que conhecemos e vivemos, a que chamamos liberal ou neoliberalismo, embora se reconheça o contributo da economia circular. Não estaremos perante um caminho que leve os povos a uma “Ecologia Integral” e a uma “Ecologia Espiritual”, um “bem-viver”, como lhe chama a Carta da Terra.
Uma reflexão!