Casa do Gaiato recorda Padre (Pai) Américo em Paço de Sousa

Agora que o Padre Américo Monteiro de Aguiar (1887-19569) foi declarado Venerável pela Santa Sé, segundo decreto assinado pelo Papa Francisco em 12 de dezembro de 2019 (ver a VP de 18 de dezembro de 2019), a Casa do Gaiato de Paço de Sousa (Penafiel), por iniciativa das Edições “Modo de Ler”, realizou um “Encontro Celebrativo” em memória da figura do Padre Américo, a que os membros da sua obra continuam a chamar “Pai Américo”. O encontro foi presidido pelo Bispo do Porto, D. Manuel Linda, o foi apresentado pelo atual responsável da Casa do Gaiato de Paço de Sousa, P. Júlio Pereira. O encontro teve lugar no domingo 26 de janeiro de 2020.

O encontro centrou-se em torno de dois livros: um intitulado “Ecos de Pensamentos de Padre Américo”, com organização de Luís Leal, da Universidade Católica; outro dedicado a outro dos discípulos e imitadores de Padre Américo: o Padre António Baptista, conhecido por Padre Baptista, que dirigiu a obra do Calvário, de Beire, Paredes. A obra intitula-se “Padre Baptista: alma, corpo, mãos e coração de O Calvário”, com prefácio de D. Manuel Linda, Bispo do Porto, com apresentação de Henrique Manuel Pereira, da Universidade Católica, e coordenação de José da Cruz dos Santos, que é também o editor. Neste volume se reúnem os textos dos antigos Presidentes da República Aníbal Cavaco Silva, António Ramalho Eanes e Jorge Sampaio, e de José Narciso Cunha Rodrigues, antigo Procurador Geral da República, Anselmo Augusto Lopes, Juiz Desembargador e Augusto Lopes Cardoso, advogado. Estes textos serviram de base à decisão do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de conceder ao Padre Batista indulto da condenação (no Natal de 2018) a que fora sujeito pelo Tribunal de Penafiel.

Lembra-se que a obra do Padre Batista foi já abordada em outro livro anterior: “À volta do Padre Batista”, de Henrique Manuel Pereira (2017). A obra agora reapresentada fora já objeto de divulgação pública em setembro de 2019. Da “Apresentação” de Henrique Manuel Pereira se recorda: «Durante sessenta anos (quantas horas e dias têm sessenta anos?), com a facilidade que dá a prática, Padre Baptista alimentou, limpou, virou, mudou, cuidou corpos e mentes retorcidos como nós. Foram eles, afinal, o corpo de delito que (…) o condenou”. Podemos dizer que foi o seu sentido de humanidade e dedicação que conduziu ao indulto.

No encontro do domingo 26, o livro Ecos do Pensamento de Padre Amárico” foi apresentado por Luís Leal, autor da organização e introdução, que exaltou a qualidade humana e literária do texto, bem como o seu sentido de atenção à realidade da sociedade de então e ao esforço de a transformar; o livro sobre o Padre Baptista foi apresentado por Artur Santos Siva, que evidenciou as palavras da alguns dos testemunhos registados dos antigos Presidentes da República. O antigo gaiato, formado naquela casa, Elísio Humberto recordou o sentido da prática daqueles tempos, que lhe serviu a um tempo de presença paterna e materna, a que deu expressão exprimiu em forma poética. D. Manuel Linda advertiu para o sentido profético da ação do Padre Américo e do seu projeto de ação “De rapazes, para rapazes, por rapazes”, implicando o empenhamento e ação de cada um na sua própria formação, e desejando que a Obra possa seguir o seu caminho, também pelo caminho laical, respondendo às exigências da sociedade atual.

Os presentes, em número elevado e ligados a tantas memórias da Obra, puderam contactar com o Memorial/Museu do Padre Américo, que passa a ocupar dois andares da Casa. Nele se encontra documentação sobre os anos de formação, de trabalho e de reconhecimento da pessoa e da obra do Padre Americo. Registemos uma frase da Voz Portucalense de 20 de julho de 1995, visível numa das montras com a pergunta Em breve nos altares? Uma apresentação simpatica foi a de um grupo de gaiatos africanos que entoaram cantos rítmicos lembrando a Obra e o fundador.

(CF)