A proclamação do Evangelho

A missa, como sabemos, consta de duas partes que estão entre si tão intimamente ligadas que constituem um único ato de culto (IGMR 28).

Por Secretariado Diocesano da Liturgia

Se o ponto culminante da 2ª parte é a Prece Eucarística – uma oração de ação de graças e consagração também chamada “anáfora” e “cânon” – o clímax da Liturgia da Palavra é a proclamação do Evangelho. Tal como a Liturgia a enquadra e programa, trata-se de uma “epifania” da presença de Cristo-Mestre e Palavra. Valeria a pena relermos aqui o nº 60 da IGMR que chama a atenção para o ministro do Evangelho, para a atitude da assembleia e para os sinais de reverência ao próprio livro dos Evangelhos. Nele se baseiam as nossas reflexões de hoje em que nos limitaremos a prestar atenção à moldura ritual desta “epifania” de Cristo na Liturgia.

Comecemos por tomar nota de que a Igreja reserva a proclamação do Evangelho aos ministros ordenados: em algumas Igrejas do Oriente o Bispo – na sua qualidade de sucessor dos Apóstolos no testemunho da Ressurreição – é o “ministro ordinário” (!) do Evangelho; na nossa Igreja tal missão é confiada ao Diácono e, na ausência deste, ao Presbítero. Porquê? Porque são estes os ministros a quem o Sacramento da Ordem habilitou para agir em nome de Cristo-Cabeça da Igreja. Deste modo se traduz a consciência de que a Igreja não se dá a si própria o Evangelho: recebe-o do próprio Cristo ministerialmente representado pelo seu ministro. Se o arauto do Evangelho faz as vezes da pessoa de Cristo-Cabeça, Mestre e Pastor, então compreende-se que a Liturgia insista na sua preparação pessoal em ordem ao exercício consciente de tão importante representação: é por isso que ele deve invocar e/ou receber uma bênção preparatória e se persigna antes da proclamação, enquanto anuncia o trecho que vai ler. E na própria saudação que dirige à assembleia – e que se omite quando, por motivo de força maior, for um leigo a fazer a leitura – se exprime o carácter oficial desta intervenção ministerial.

Reparemos também nos gestos e atitudes dos fiéis: tendo-se sentado para ouvir a leitura da Palavra de Deus, põem-se de pé para escutar o Evangelho, numa atitude de respeito e confiança, disponibilidade e expectativa. Na verdade, com a Sua ressurreição e com o Seu Evangelho, Cristo ergueu-nos do túmulo da morte. Nesta atitude, a assembleia canta uma aclamação ao Evangelho, responde à saudação e associa-se com o sinal da cruz ao ministro que anuncia; no fim adere à leitura com nova aclamação de louvor a Cristo.

Advirtamos, por fim, a acumulação de sinais eloquentes de respeito e veneração que têm por objeto o próprio livro dos Evangelhos: ao menos nos dias mais solenes ele segue em lugar de destaque na procissão de entrada, levado do mesmo modo que o ostensório nas procissões eucarísticas, e fica entronizado no altar até ao momento da proclamação do Evangelho; então é elevado à vista de todos e nova procissão o acompanha do altar para o ambão, precedido pelo incenso, ladeado por círios, no meio de cânticos de louvor e aclamação: é a entrada triunfal do grande Rei que vai falar ao Seu Povo desse outro trono que é o ambão; no ambão o livro é assinalado com o sinal da Cruz, incensado com a máxima distinção e, no fim da leitura, beijado pelo ministro e, eventualmente pelo próprio Bispo que com ele abençoa a assembleia. E porque o volume de onde se lê o Evangelho não é um livro qualquer, a arte cristã do passado e do presente soube distinguir o Evangeliário, privilegiando-o com a beleza e riqueza de encadernações e ilustrações de fina sensibilidade.

Tudo isto, porquê? Porque os fiéis «reconhecem e confessam que é Cristo presente no meio deles quem lhes fala» (IGMR 60): a presença de Cristo nas ações litúrgicas é o mais decisivo de todos os qualificativos da celebração cristã. Com a riquíssima linguagem dos sinais, atitudes e ritos, a Liturgia quer levar-nos a tomar consciência dessa presença e a corresponder-lhe com a nossa própria presença interna e externa, participante.

Que o Domingo da Palavra nos ajude a advertir e tornar mais consciente este encontro com o Verbo de Deus, Cristo Ressuscitado que acontece todas as vezes em que a Igreja se congrega para a celebração do Mistério pascal.

Encontros diocesanos de formação para os MECs:

Porto – Casa Diocesana de Vilar: 26/01/2020, das 15h00 às 16h30.

Penafiel – Igreja Matriz de Bustelo: 9/02/2020, das 15h00 às 16h30.

  1. João da Madeira – Centro Paroquial: 11/02/2020, das 21h30 às 23h00.
  2. Mamede de Infesta – Salão Paroquial: 12/02/2020, das 21h30 às 23h00.

Amarante – Centro Pastoral: 16/02/2020 das 15h00 às 16h30.

  1. Tirso – Colégio das Teresianas: 18/02/2020, das 21h00 às 22h30.

Carvalhos – Auditório Claret (Santuário): 19/02/2020, das 21h30 às 23h00.