Festa da Apresentação do Senhor

Foto: Rui Saraiva

2 de Fevereiro de 2020

 

Indicação das leituras

Leitura da Profecia de Malaquias                                                           Mal 3,1-4

«Vou enviar o meu mensageiro, para preparar o caminho diante de Mim».

 

Salmo Responsorial                                            Salmo 23 (24)

O Senhor do Universo é o Rei da glória.

 

Leitura da Epístola aos Hebreus                                                            Hebr 2,14-18

«Devia tornar-Se semelhante em tudo aos seus irmãos, para ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel no serviço de Deus».

 

Aclamação ao Evangelho           Lc 2,32

Aleluia.

Luz para se revelar às nações

e glória de Israel, vosso povo.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas               Lc 2,22-40

«Todo o filho primogénito varão será consagrado ao Senhor».

«Os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos».

 

Viver a Palavra

Quarenta dias após o nascimento de Jesus, cumprindo as prescrições da Lei de Moisés (Ex 13,11-13), «Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor». Jesus, o Verbo feito carne, assume a nossa natureza humana, assumindo uma família concreta e um Povo concreto, cumprindo as tradições e prescrições determinadas pelo Deus de Israel. Como afirma a Carta aos Hebreus Ele «devia tornar-Se semelhante em tudo aos seus irmãos, para ser um sumo sacerdote misericordioso e fiel no serviço de Deus, e assim expiar os pecados do povo».

Somos salvos e redimidos porque amados por um Deus que não é indiferente às nossas dores e sofrimentos. No meio das trevas e sombras da nossa frágil condição irrompe a Luz esplendorosa de Cristo. A Festa da Apresentação do Senhor reveste-se de alegria, luz e esperança porque Jesus Cristo venceu as trevas do pecado e nos ilumina com a esplendorosa luz do Seu amor e da Sua graça. A bênção e procissão das velas prevista no início da celebração deste dia recordam-nos que Jesus apresentado no templo por Maria e José se «exteriormente cumpria as prescrições da lei, na realidade vinha ao encontro do seu povo fiel».

Na verdade, esta festa na Igreja Oriental recebe o nome de Festa do Encontro (Hypapantê) sublinhando o encontro de Deus com o Seu Povo agradecido, mas também de Maria, José e Jesus com Simeão e Ana. Em Jesus Cristo, Deus encontra-se com o Seu Povo, estabelece uma proximidade absolutamente nova, pois, no Verbo de Deus Incarnado, a Terra e o Céu encontram-se e contemplamos na nossa humanidade o próprio Deus, tal como tinha profetizado Malaquias: «vou enviar o meu mensageiro, para preparar o caminho diante de Mim».

Conduzidos por S. Lucas a Jerusalém, contemplamos Simeão e Ana. Simeão, cujo nome significa «Escutador» e Ana, cujo nome significa «Graça». Simeão, «homem justo e piedoso», que movido pelo Espírito Santo vive a espera confiante do Messias e Ana, «filha de Fanuel, da tribo de Aser», que servia no Templo. Simeão e Ana são para nós duas figuras paradigmáticas da arte de acolher Jesus e de O comunicar aos outros com alegria e entusiasmo.

Acolhendo Jesus em seus braços, Simeão alegra-se e proclama um belíssimo hino de louvor porque os seus olhos puderam contemplar a salvação prometida a Israel. Como Simeão, também nós somos convidados a aprender a arte de acolher Jesus na nossa vida, nos nossos braços, porque Ele toca a nossa carne e a nossa existência. Jesus continua a vir ao nosso encontro de múltiplas formas e somos convidados a erguer o nosso olhar, a viver de braços abertos e coração disponível para acolher agradecidos o Deus que vem. A alegria do acolhimento de Jesus nas nossas vidas abre-nos à exigência do Seu seguimento: «este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações». Mas a exigência do caminho não nos faz desanimar! Caminhamos de lâmpadas acesas, porque o Verbo de Deus desfazendo as trevas e sombras passageiras da nossa existência nos conduz à Luz plena e verdadeira.

Deste modo, acolher Jesus na nossa vida como Simeão implica comunicá-Lo aos outros com a maravilha e o entusiasmo de Ana que «começou também a louvar a Deus e a falar acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém». A quantos esperam uma palavra de consolação e esperança, a quantos procuram um sentido novo para as suas vidas, nós somos chamados a anunciar Jesus Cristo, Luz que ilumina todos os Povos e fonte de Salvação para todo o género humano.

 

Homiliário patrístico

Dos Sermões de São Sofrónio, bispo

(Séc. VII)

Todos nós que celebramos e veneramos com tanta piedade o mistério do Encontro do Senhor, corramos para Ele com todo o fervor do nosso espírito. Ninguém deixe de participar neste Encontro, ninguém se recuse a levar a sua luz.

Levemos em nossas mãos o brilho das velas, para significar o esplendor divino d’Aquele que Se aproxima e ilumina todas as coisas, dissipando as trevas do mal com a sua luz eterna, e também para manifestar o esplendor da alma, com o qual devemos correr ao encontro de Cristo. Assim como a Virgem Mãe de Deus levou ao colo a luz verdadeira e a comunicou àqueles que jaziam nas trevas, assim também nós, iluminados pelo seu fulgor e trazendo na mão uma luz que brilha diante de todos, devemos acorrer pressurosos ao encontro d’Aquele que é a verdadeira luz.

Na verdade a luz veio ao mundo e, dispersando as trevas que o envolviam, encheu-o de esplendor; visitou-nos do alto o Sol nascente e derramou a sua luz sobre os que se encontravam nas trevas: este é o significado do mistério que hoje celebramos. Caminhemos empunhando as lâmpadas, acorramos trazendo as luzes, não só para indicar que a luz refulge já em nós, mas também para anunciar o esplendor maior que dela nos há-de vir. Por isso, vamos todos juntos, corramos ao encontro de Deus.

Eis que veio a luz verdadeira, que ilumina todo o homem que vem a este mundo. Todos nós, portanto, irmãos, deixemo-nos iluminar, para que brilhe em nós esta luz verdadeira.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. O Papa São João Paulo II institui o Dia Mundial da Vida Consagrada na data em que a Igreja celebra a Festa da Apresentação do Senhor. Deste modo, no Domingo, dia 2 de Fevereiro, a Igreja celebra o XXIV Dia Mundial da Vida Consagrada. Esta data é uma ocasião propícia para dar graças a Deus pelo dom da vida consagrada mas também para rezar pelas vocações à vida consagrada. Deste modo, cada comunidade paroquial poderá assinalar este dia de diferentes modos: uma vigília de oração, um encontro com testemunhos dos diferentes carismas da vida consagrada, a visita a alguma comunidade religiosa, entre outros.

 

  1. Para os leitores: a primeira leitura possui diferentes frases em discurso directo que devem ser introduzidas e proclamadas como tal. Pede-se especial cuidado com a proclamação da frase interrogativa que tendo apenas um ponto de interrogação possui duas orações interrogativas. A segunda leitura possui frases muito longas e com diversas orações. Além disso, tendo em conta a densidade do texto proclamado deve ter-se atenção às pausas e respirações para uma melhor compreensão do texto.

 

Sugestões de cânticos

Bênção: O Senhor Nossa Deus virá com poder – F. Santos (CN 739); Procissão: A luz de Cristo – M. Luís (CN 144); Entrada: Recordamos, ó Deus, a vossa misericórdia – C. Silva (CN 856); Salmo Responsorial: O Senhor do Universo (Sl 366) – A. Cartageno (CN 707); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | Luz para se revelar ás nações… – Az. Oliveira (CN 55); Ofertório: Senhora, que no templo ofereceste – B. Salgado (CN 925); Comunhão: Os meus olhos viram – C. Silva (CN 777); Final: Ao Deus do Universo – J. Santos (CN 209).