Encontro Europeu de Taizé: jovens do Porto em oração pela Unidade dos Cristãos

Trinta anos depois do primeiro encontro europeu de Taizé que desafiou a Cortina de Ferro, a Peregrinação da Confiança regressou a Wrocław, cidade onde também passou em 1995-96. Em 1989, tinha acabado de cair o Muro e respirava-se por todo o lado o doce perfume da esperança.

Três décadas volvidas, a Comunidade de Taizé traz de novo jovens àquela cidade que se situa num entroncamento entre o Leste e o Oeste, entre o mundo germânico e o polaco. Tanta da sua história parafraseia a turbulenta História da Europa: durante a Idade Média, Wrocław foi disputada por checos, polacos, germânicos, até que em 1335 passou definitivamente para as mãos dos reis da Boémia, depois imperadores austríacos do Sacro-Império e finalmente para o reino da Prússia (futuro Império Alemão). Alemã até 1945, essa Breslau de outrora foi entregue à Polónia como compensação pelas terras perdidas a leste para a URSS. Hoje, a cidade é povoada sobretudo por polacos oriundos das terras atualmente pertencentes à Bielorrússia e Ucrânia, num êxodo populacional que viu mais de 12 milhões de alemães serem expulsos das suas terras e cidades.

Todas estas ocorrências deixaram as suas marcas na cidade, tão diferente em termos arquitetónicos e culturais das suas congéneres polacas. E foi aqui que polacos, alemães, ucranianos e tantos outros jovens de nações outrora inimigas se reuniram para rezar pela unidade, sob o lema “Sempre a caminho, mas nunca desenraizados”. Em Wrocław, todos ouviram as palavras do Irmão Alois, apelando a novos começos e usando o amor como bússola. E nas orações comunitárias ecoou várias vezes o cântico Przybądź, Duchu Boży, que diz “Vem, Espírito de Deus! Vem, Espírito Santo e renova a face da Terra”.

A esperança que se vivia em 1989 fora substituída por uma grande preocupação pelo futuro, tanto a nível político como ambiental. Os desafios são outros e, longe de derrubarem muros, muitas nações dedicam-se a erguer novos. Mas os jovens que participaram neste encontro recusam-se a render os seus espíritos ao desalento e, durante a última oração da noite, fizeram o seu compromisso para o novo ano.

“Agora, cada um e cada uma de nós vai regressar a casa. Mas, mais do que nunca, habita em nós a consciência de que fazemos parte de uma grande comunhão, a comunhão da Igreja. Nesta cidade de Wroclaw, vocês rejuvenesceram o rosto da Igreja.

Num mundo que muda, devemos procurar formas de exprimir o Evangelho de forma sempre nova. Na disponibilidade e confiança de Maria, encontramos um exemplo: muito jovem, ela aceitou o inimaginável: tornar-se mãe de Cristo, abrindo, assim, caminho a um novo começo para a humanidade.

Agora que a evolução da humanidade conhece um novo ponto de viragem, deixemo-nos conduzir por esta verdade, pela humildade e pela alegria de Cristo! Assim, poderemos preparar os caminhos que ele escolhe para vir hoje até ao meio de nós. Ele dar-nos-á a imaginação necessária para avançar rumo ao mundo de amanhã, permanecendo sempre a caminho, mas nunca desenraizados.”

(Ir. Alois, dia 31 de dezembro, palavras da despedida do encontro)

Ao contrário dos encontros passados que ocorreram na Polónia, desta vez Wrocław não se vestiu de branco para receber os peregrinos, mas, ainda assim, as temperaturas persistiram de ambos os lados da marca “0”. Mas o calor do povo polaco compensou em larga medida o frio que se sentia em Wrocław durante os dias do encontro. Na sua larga maioria, as famílias de acolhimento não sabiam falar o inglês mais básico, e mesmo nas paróquias não eram muitos os voluntários que dominavam esta língua. Contudo, os desafios da comunicação, das diferenças culturais e, porque não, culinárias, foram facilmente vencidos pelos sorrisos, gestos de boa vontade e grande abertura deste povo.

Quanto ao Porto, o SDPJ voltou a participar nesta peregrinação. Ao todo, 61 inscritos de vários grupos da nossa diocese, mas também de outras, como Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança-Miranda, Lamego, Viseu, Coimbra, Santarém, Portalegre-Castelo Branco e Lisboa. Ao abrigo desta organização veio também o SJIL, Secretariado Juvenil da Igreja Lusitana, que imprimiu o seu cunho particular e ecuménico à jornada de muitos dias entre Portugal e a Polónia.

(inf: SDPJ)