Mensagem (61): Atitudes

Todos nós que andamos pelas ruas e estradas já vimos muitas coisas. E nem todas agradam. Já vimos situações como o daquela menina que, tendo vislumbrado um amigo no passeio, parou o carro no meio da via, abriu o vidro e «namorou» demoradamente com ele, indiferentes às dezenas de veículos que obrigou a parar e às suas buzinas. Ou os que se gabam de conduzir de noite sem baixar os máximos, de ir almoçar e deixar o carro à porta do restaurante, na via pública, apenas com os piscas ligados, etc., etc.

A educação –ou a falta dela- também se vê em situações como a daquele condutor que estava parado em segunda fila e, quando saíram os automóveis estacionados à direita, não se dignou encostar, mas permaneceu no mesmo sítio, ficando, literalmente, ao meio da faixa de rodagem e obrigando os outros a circularem pela sua direita e pela sua esquerda. Quanto à absoluta preferência dos condutores pela faixa da esquerda nas estradas com duas vias, aí até reputo como um bem, pois tenho a certeza de que a da direita está sempre livre. Parto do princípio que eles pretendem adotar aqui os modos da condução inglesa…

Evidentemente, estes comportamentos ferem a nossa sensibilidade porque constituem um mal para o trânsito, sua fluidez e segurança. Um mal concreto criado por pessoas concretas e que vai prejudicar pessoas concretas. E um mal que, sem ser pessimista, creio estar em forte aumento não só quantitativo, mas também no que diz respeito ao chocante das ações.

Perante ele, não se pode transigir. Nem cívica, nem legal, nem administrativa, nem policialmente. Doutra forma, estaríamos a criar uma sociedade comparável a uma hipotética família que deixasse os filhos fazer tudo o que quisessem: gerariam um conjunto de pequenos (ou grandes…) ditadores que outra lei não conheceriam que não fosse a da selva. Mas, evidentemente, a selva é para os animais e sua possível felicidade, não para a nossa.

O civismo é o limiar mínimo sem o qual nem sequer há ética. Se falta esta estrutura básica ao comportamento social a vida coletiva torna-se um inferno. E não nos esqueçamos que os hábitos ou atitudes se adquirem pelas ações repetidamente vistas ou realizadas. Isto é: do mesmo modo que a observação frequente de gestos de generosidade nos predispõem a sermos mais generoso, também o contacto permanente com a falta de civismo nos leva a sermos insociáveis, quando não mal-educados sem disso nos darmos conta.

Então, quem tiver de atuar, que atue. Se ainda se for a tempo.

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