A presença dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) no Porto não se limitou à pastoral das vocações – seminários e promoção vocacional: depressa abarcou outros ramos da pastoral, de que sobressai a comunidade paroquial, nascida à sombra do primitivo seminário, na Rua Azevedo Coutinho, e amadurecida na atual paróquia de Nossa Senhora da Boavista, finalmente consagrada em Agosto de 2019.
Por Lino Maia
Aberto o seminário com a conversão de uma creche da fábrica da Sociedade William Graham, em 1958, a sua capela converteu-se em oratório público e passou a acolher a população para os atos de culto, nomeadamente Eucaristia e práticas devocionais. Entretanto, o seminário viria a transferir-se para o novo edifício da Portelinha (Gondomar), restando por ali apenas a comunidade religiosa. Esta, entre outras atividades, garantia a assistência religiosa à população que ali se ia estabelecendo, acolhia a proposta do então Administrador Apostólico da diocese para consolidar uma futura paróquia e, da Sociedade que ali erguia um moderno e modelar complexo urbanístico, obtinha o terreno destinado a uma nova igreja. Papel relevante em todo o processo teve o Padre Júlio Carrara.
Criada, em 1973, a paróquia experimental de Nossa Senhora da Boavista, que incluía o Bairro de Francos., foram estabelecidas três fases na construção de infraestruturas. Numa primeira, ergueu-se a bela igreja, inaugurada em 1981 por D. António Ferreira Gomes.
Seguiu-se-lhe a construção da primeira parte do Centro Social Paroquial, inaugurado em 1991. Era um edifício moderno, ao lado do velho seminário que continuava de pé. Destinava-se à atividade pastoral e ao acolhimento de jovens e idosos, com um salão polivalente para atividades várias (nomeadamente, exposições, festas, ginástica e palestras), um Centro de enfermagem assegurado pelo voluntariado da paróquia, salas de catequese, um Centro de Atividades de Tempos Livres (CATL, 85), um Centro de Convívio e um Centro de Dia (20 utentes).
Em 1995 avançou a terceira fase, que comportava a conversão do antigo seminário num novo edifício com novas estruturas e serviços, incluindo residência sacerdotal, cartório paroquial e mais salas para as várias atividades pastorais.
Em zona aparentemente privilegiada também há um bairro popular – o Bairro de Francos. Quando os Dehonianos assumiram a paróquia, além de uma escola primária, já ali funcionava um “patronato de meninas”, orientado por uma Congregação religiosa feminina, com biblioteca, centro de convívio, escola de alfabetização e de costura. Também para lá se voltaram as atenções e cuidados do pároco e da comunidade paroquial. Obtido da Câmara um terreno para a construção de uma futura igreja, nele se levantaram prefabricados: um para o culto religioso, outro para acolhimento de idosos (10 utentes) e um outro para jovens (Pré-escolar e CATL, com 25 e 65 utentes, respetivamente). Ali se consolidava um novo pólo religioso e social, que viria a erguer a Igreja dos Pastorinhos, solenemente dedicada em 2012, e ali está a ser erguido um novo edifício para novas respostas sociais, agora com o zelo e a determinada dedicação de um novo Pároco, o Padre Feliciano Garcês.
Na sua dupla valência religiosa e social, a paróquia da Boavista do Porto reflete bem o carisma dehoniano, que procura instaurar o “Reino do Coração de Jesus nas almas e na sociedade”.