Domingo II do Tempo Comum

19 de Janeiro de 2020

 

Indicação das leituras

Leitura do Livro de Isaías                                                                     Is 49, 3.5-6

«Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra»

 

Salmo Responsorial                                             Salmo 39 (40)

Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade.

 

Início da primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Coríntios          1 Cor l,1-3

«A graça e a paz de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo estejam convosco».

 

Aclamação ao Evangelho           Jo 1,14a.12a

Aleluia.

O Verbo fez-Se carne e habitou entre nós.

Àqueles que O receberam

deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João                 Jo 1,29-34

«Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo»

«Eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus»

 

Viver a Palavra

A Liturgia da Palavra deste Domingo conduz-nos ao cerne da nossa vida cristã: sonhados e amados por Deus desde o seio materno, somos chamados a viver a experiência única e pessoal do encontro com Jesus Cristo que nos desafia a encontrar na sua vontade um caminho de realização e felicidade que nos constitui como apóstolos da alegria do Evangelho para que a Igreja seja um rasto de luz para todos os povos e nações. Deste modo, os diversos textos proclamados neste Domingo apresentam-nos a dinâmica da nossa vida cristã num horizonte responsorial, isto é, chamados e convocados pela misericórdia de Deus que nos precede sempre, somos convidados a responder generosamente ao seu projecto de amor.

A disponibilidade para o acontecer de Deus nas nossas vidas nasce da certeza de que o Seu amor nos precede, acompanha e aponta um horizonte de realização e felicidade absolutamente novo. Por isso, podemos cantar com as palavras do salmista: «eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade». A vontade de Deus a nosso respeito é algo de bom e de belo como nos testemunha S. Paulo quando afirma que Deus «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tm 2,4). Quantas vezes na procura de uma razão diante de uma desgraça, já ouvimos dizer: «foi a vontade de Deus». Na verdade, a vontade de Deus não pode ser a justificação para aquilo que não conseguimos responder. A vontade de Deus é um desígnio amoroso de salvação e, por isso, responder com generosidade e disponibilidade à Sua vontade é caminhar pela estrada da felicidade verdadeira que tem como nome a santidade.

O caminho de descoberta da vontade de Deus a nosso respeito brota da experiência que João Baptista nos testemunha no Evangelho: «eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus». João Baptista testemunha aquilo que viu e experimentou e não apenas uma noção teórica e abstracta. Seguir Jesus Cristo implica necessariamente fazer esta experiência do Seu amor, tal como afirma o Papa Bento XVI na Carta Encíclica Deus caristas est: «ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo» (DCE 1).

Este encontro decisivo transforma a vida e o coração de tal modo que toda a nossa vida se molda a partir desta experiência. É assim que aparece João Baptista como figura de charneira, apontando o «Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo», testemunhando a presença Daquele que os profetas anunciaram e que a humanidade esperava. João Baptista está do outro lado do Jordão, no lugar onde o Povo de Israel se deteve para preparar a entrada na Terra Prometida. Ele é referência fundamental do nosso ser cristão porque nos ensina a arte de apontar para Jesus, de se saber retirar para que Ele tenha lugar, de proporcionar aos outros a experiência do encontro com Aquele que dá sentido à nossa vida.

Com toda a certeza, lendo a nossa história, encontramos pessoas que foram para nós lugares de encontro com Jesus, pessoas capazes de sair de si mesmas para apontar esse horizonte de realização e felicidade que só em Cristo se pode encontrar. Louvando o Senhor pela vida de tantos e tantas que nos mostraram o rosto de Jesus, comprometemo-nos em ser também nós testemunhas de Jesus com a humildade e a ousadia de João Baptista, anunciando ao mundo que não há aventura mais bela do que fazer das nossas vidas lugares de beleza que testemunham a presença Daquele que dá sentido às nossas vidas.

 

Homiliário patrístico

Do Tratado de Santo Ambrósio, bispo, «Sobre os Mistérios» (Séc. IV)

Por isso leste que no Baptismo as três testemunhas são uma só: a água, o sangue e o Espírito; porque, se prescindes de uma delas, já não há sacramento do Baptismo. Que é a água sem a cruz de Cristo? É um elemento comum, sem nenhuma eficácia sacramental. Mas também é verdade que sem a água não há mistério da regeneração: Quem não renascer da água e do Espírito não entrará no reino de Deus.

O paralítico da piscina de Betsaida esperava um homem. Quem é esse homem senão o Senhor Jesus, nascido da Virgem, em cuja vinda já não era a sombra que havia de curar algumas pessoas, mas a verdade que havia de curar todos os homens? Era Ele que os homens esperavam que descesse; d’Ele falou Deus Pai a João Baptista: Aquele sobre quem vires o Espírito descer do céu e permanecer sobre Ele, Esse é o que baptiza no Espírito Santo. D’Ele deu testemunho João ao dizer: Eu vi o Espírito descer do céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. E agora pergunto: Por que razão desceu o Espírito sob forma de pomba, senão para que saibas ver naquela pomba que o justo Noé lançou da arca a imagem desta pomba, e assim reconheças a figura do sacramento? Terás ainda razão para duvidar? Recorda como no Evangelho o Pai proclama tão claramente: Este é o meu Filho em quem pus toda a minha complacência; como proclama o Filho sobre quem o Espírito Santo desceu em forma de pomba; como proclama o Espírito Santo, que desceu em forma de pomba; como proclama David: A voz do Senhor ressoa sobre as águas, a majestade de Deus faz ouvir o seu trovão, o Senhor está sobre a vastidão das águas; como a Escritura dá testemunho de que, a pedido de Jerubaal, desceu o fogo do céu, e noutra ocasião, a pedido de Elias, o fogo vindo do céu consagrou o sacrifício.

 

Indicações litúrgico-pastorais

  1. O II Domingo do Tempo Comum celebra-se durante o Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos que decorre de 18 a 25 de Janeiro. Este ano esta semana tem como tema: «Eles nos demonstraram uma benevolência fora do comum» (Atos 27,18-28,10) e os materiais de apoio disponíveis no site do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (http://www.christianunity.va). Cada comunidade é chamada a dinamizar esta semana com iniciativas de oração e reflexão que ajudem os fiéis a tomar consciência da importância do caminho de unidade que somos chamados a percorrer. As comunidades paroquiais que no seu território tenham a presença de outras igrejas cristãs poderão levar a cabo alguma iniciativa conjunta que ajude a viver melhor esta semana.

 

  1. Para os leitores: a proclamação da primeira leitura deve ter em atenção o discurso directo presente no texto. A frase final – «Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra» – deve ser sublinhada como conclusão de todo o texto. A segunda leitura é constituída por um único parágrafo com longas frases e orações. Deste modo, é necessária uma acurada preparação nas pausas e respirações para uma correcta articulação do texto.

 

Sugestões de cânticos

Entrada: Toda a terra Vos adore, Senhor – C. Silva (CN 957); Salmo Responsorial: Eu venho, Senhor, para fazer a vossa vontade (Sl 39) – M. Luís (CN 459); Aclamação ao Evangelho: Aleluia | O Verbo fez-se carne… – J. Berthier (CN 45); Ofertório: Vimos trazer ao vosso altar – M. Faria (CN  996); Comunhão: O Cordeiro de Deus é o nosso Pastor – C. Silva (CN 674); Final: Exultai de alegria no Senhor – F. Silva (CN 473).