No pressuposto de que a existência humana é uma luta contínua entre explorados e exploradores, o marxismo clássico apontava o «fim da história» como uma das suas metas: a conquista do poder pela classe operária geraria a desnecessidade de conflitos. Porque tudo ficaria transformado, nada mais haveria a transformar.
No sentido oposto, Francis Fukuyama, diz que o «fim da história» é inerente à democracia liberal e ao individualismo, para ele, realidades inultrapassáveis, uma espécie de reino de Deus em plenitude. E advoga que, agora, pela ciência e pela tecnologia, devem mudar as coisas do mundo, mas não o mundo: há que o deixar estar como está. Com as suas barbaridades e injustiças.
A perspetiva do marxismo é utópica. Como tal, empolgante: conquistou muitas mentes e corações. Mas falhou redondamente porque partia de pressupostos falsos. A do nipo-americano, é o contrário de uma sã utopia: é o materialismo mais crasso. Ao pactuar com as desigualdades, é a rendição à animalidade, pois só os bichos aceitam que o futuro há-de ser igual ao passado.
Para o cristianismo, a história é o cenário onde se representa o grande drama da vida: a equação entre a liberdade e a responsabilidade. Só que, neste teatro, não há monólogos. Sabe que nem há liberdade que não seja social nem responsabilidade meramente voltada para o próprio: cada um interage com a totalidade.
A cena desta ribalta, é grandiosa e complexa. Por isso, precisa de um «ponto». Um ponto quase sempre escondido na caixa do palco. Não tanto para dirigir os atores, mas sim para ir relembrando o texto esquecido e gerar confiança: ele está, mesmo que o ator se não aperceba.
A fé cristã dá um nome a este ponto: Jesus Cristo, o Salvador. A partir do seu Natal, Ele é a presença estimulante junto de quem tem de representar o grande drama da existência no cenário do mundo. Um drama que exorciza a dor, abre à superação e atinge a plenitude.
Por isso, quem aceita a sua função no palco da vida, não acredita em qualquer fim da história. Nisso só crê a sociedade secular que renega qualquer outro apoio que não provenha dela mesma. E que, consequentemente, se afasta da vida, da liberdade e da responsabilidade. Mas quem aceita este Ponto, sabe bem que Ele se coloca no início de uma outra história: bela, grandiosa, de final feliz. Uma história que merece ser vivida e compartida.
***