O Natal e a Greta

Um dia, lá para os lados de Belém, nasceu um menino. O seu nome Jesus. Seus pais tinham ido fazer o seu recenseamento e não encontrando lugar, foram para uma estrebaria. Juntamente com os animais e a natureza, Maria, sua Mãe, deu à luz o menino.

Por Joaquim Armindo

Os mais pobres, que andavam de noite, foram os primeiros a dar-se conta do facto. Depois vieram outros de mais longe e com mestria para os astros. Acontece, porém, que tendo o menino nascido, o poder político ocupante quando suspeitou que esses sábios o queriam visitar disseram: alto lá que está alguém, mesmo pequenino, que vem alterar a ordem há muito estabelecida. Vamos tentar eliminar o mal pela raiz. Sabendo disto os pais puseram-se em fuga, como hoje os migrantes, e foram até terras estrangeiras. Ressabiado o poder ocupante mandou matar todos os meninos, assim, porventura, também o matariam. Não conseguiram desta vez. Regressados, embora a uma outra terra, não deixaram de, como todos os judeus, irem a Jerusalém. Não é que o menino tinha 12 anos de idade e começou a discutir no templo com todos os doutores, e sem os pais saberem. Ouvia e perguntava. De tal forma que todos ficaram admirados. Quem será este que quer discutir, ainda é muito novo.

Outro dia, passados mais de dois mil anos, nasce uma menina. Lá para os lados dos países nórdicos. Não sei bem, mas deve ter nascido num hospital com ar condicionado. Puseram-lhe o nome de Greta. Seus pais, com posses económicas, trataram-na muito bem e foi para a escola. O que lhe deu? Com dezasseis anos e para defender a Terra Mãe começou a faltar todas as sextas-feiras à escola e a fazer greve. Sozinha e depois acompanhada. De tal forma que as meninas e os meninos das suas idades e depois os mais velhos também sentiram que deviam defender o seu planeta e o cosmos. E começaram a dizer: quem é esta que ainda não escreveu nenhum artigo científico, e quer mudar o mundo? Quem é esta que agora aparece a vociferar contra tantos poderes, se ainda usa uma trança? Não conhece a vida e já quer discutir.

Greta não é Jesus! Mas é uma estrela que nasce da manjedoura de Jesus. Uma estrela, não sei sequer se tem religião ou não, ou pertence a algum partido político. Mas que abana, abana, todas as consciências. Os sábios e os doutores devem ouvi-la, na sua fragilidade. Porque talvez seja o Espírito daquele Jesus, a falar pela boca de uma criança. Quem sabe?