
D. Manuel Linda, na Dedicação da nova Igreja do Divino Salvador de Freamunde.
Na soleníssima Dedicação da nova Igreja Paroquial do Divino Salvador de Freamunde, Dom Manuel Linda quis que a palavra principal fosse a dos textos e a da beleza da Liturgia, pautando a sua Homilia por uma palavra simples, que desenvolveu em três ideias fundamentais.
Como primeiro ponto de reflexão, Dom Manuel destacou a construção da Igreja, como templo de todo o Povo de Deus, onde todos têm lugar: o rico e o pobre, o letrado e o analfabeto, o mais praticante e o menos praticante, o mais próximo e o mais distante da comunidade cristã. Isto distingue o templo cristão dos templos pagãos, das antigas civilizações, que eram construídos apenas para albergar “o deus” ou “ídolo” a que se prestava culto e o sacerdote que lhes oferecia os sacrifícios. Inspirado na cena bíblica da Leitura solene do Livro da Lei diante da Porta das Águas, conforme a bela descrição do livro de Neemias (Ne 8,1-12), o Bispo do Porto realçou a congregação, naquela liturgia “ao ar livre”, de pessoas de diversas proveniências, línguas e tradições, mas que comungavam a fé no mesmo Senhor e se sentiam membros de um só Povo. Neste sentido, realçou a vocação universal do espaço da nova Igreja, que deve ser lugar para todos, um lugar onde todos falem a mesma linguagem, a linguagem da família, onde todos se sintam verdadeiramente em casa. “A Igreja, mais do que uma casa para Deus, é uma casa do Povo, uma casa para o Povo de Deus”, disse.
Prosseguindo a sua reflexão, com base no convite à alegria, endereçado pelo governador Neemias e pelo Sacerdote Esdras, “não vos entristeçais nem choreis, porque a alegria do Senhor é a vossa fortaleza» (Ne 8, 9.10), Dom Manuel insistiu: “esta Igreja seja uma Casa da alegria, onde não falte o riso de contentamento pela criança que é batizada ou recebe a Eucaristia pela primeira vez; a alegria de quem reconstrói o coração no sacramento da penitência; a alegria dos esposos que fazem aqui as suas promessas de amor eterno; a alegria da esperança cristã, mesmo quando choramos a morte e celebramos a última Páscoa dos que partem antes de nós. Esta seja a Casa onde celebramos os mais elevados sentimentos da alegria e da felicidade, que nos vem da fé em Jesus Cristo. Sejamos felizes aqui”.
Num terceiro ponto, Dom Manuel lembrou que a Igreja, “edifício que Deus constrói” também é construção das mãos humanos, que trabalham o mármore, a madeira, o ferro, o vidro, o tijolo, o cimento… Estes elementos materiais são transformados e elevados, para se colocar ao serviço do culto divino. Nesta ótica, “o cristianismo não rejeita a matéria” (LS 235), pelo contrário a materialidade e a corporeidade são valorizados no ato litúrgico. Dom Manuel colocou-se na linha de pensamento de Pierre Teilhard de Chardin, ao insinuar implicitamente a ideia de que “a Eucaristia é sempre celebrada, de certo modo, sobre o altar do mundo. Une o céu e a terra. Abraça e impregna toda a criação” (Ec.Euc 8). Por isso, insistiu o Bispo do Porto: “esta Igreja seja a casa em que todo o mundo é elevado para Deus, uma vez que todas as criaturas gemem, esperando a salvação”, na certeza de que, graças ao mistério da Eucaristia, “o mundo saído das mãos de Deus criador volta a Ele redimido por Cristo” (Ibidem).
Recapitulando as três ideias, Dom Manuel fez votos de que esta Casa de Oração seja expressão e instrumento de uma “revitalização do corpo eclesial da Paróquia de Freamunde, sinal de uma comunidade cristã que já é viva e que o será cada vez mais”. Resumindo, «que esta Igreja seja no mundo uma Casa da alegria para todos”.
(AG)